Rio Atibaia, em Sousas, um dos pontos críticos em discussão no novo Plano Diretor de Campinas (Foto José Pedro Martins)
Rio Atibaia, em Sousas, um dos pontos críticos em discussão no novo Plano Diretor de Campinas (Foto José Pedro Martins)

Campinas sedia Congresso Nacional de Saneamento em momento de riscos para o meio ambiente local

Começa nesta segunda-feira, dia 19 de junho, e vai até quinta, dia 22, no Centro de Convenções do Expo D.Pedro, o 47º Congresso Nacional de Saneamento, promovido pela ASSEMAE – Associação Nacional dos Serviços Municipais de Saneamento. Importante evento e honra para Campinas, que está perto de atingir a marca relevante de ser a primeira cidade com mais de 500 mil habitantes a ter 100% de capacidade instalada de tratamento de esgoto urbano. Menos de metade do esgoto urbano no país recebe tratamento devido, com grande impacto para os rios. Mas é preciso salientar que justamente nesse momento há sérios riscos para o meio ambiente em Campinas, se aprovada na íntegra a proposta da Prefeitura para o novo Plano Diretor Estratégico (PDE), que aponta por exemplo para a redução da área rural. Ambientalistas e pesquisadores têm alertado para o potencial efeito desta redução da área rural, por exemplo na proteção das nascentes. 

Nesta mesma terça-feira, dia 20 de junho, coincidindo com o segundo dia do 47º Congresso Nacional da ASSEMAE – que vai ratificar a defesa do direito humano à água e dos serviços públicos de saneamento, ameaçados de privatização – acontecerá um importante debate sobre o tema que inquieta os cidadãos campineiros, promovido pelo Coletivo da Unicamp pelo Plano Diretor de Campinas. O debate sobre o PDE acontece a partir das 14 horas, no auditório da Associação de Docentes da Unicamp (Adunicamp).

Mata ciliar do rio Atibaia em Sousas (Foto José Pedro Martins)
Mata ciliar do rio Atibaia em Sousas (Foto José Pedro Martins)

O evento terá como subsídio o documento “Considerações sobre a proposta apresenta pela Prefeitura para o novo Plano Diretor de Campinas”. No documento, o Coletivo ressalta que as propostas oficiais para o PDE “contrariam frontalmente as avaliações e diretrizes produzidas pela área técnica da própria Prefeitura, apresentadas no chamado Caderno de Subsídios, e que deveriam nortear o Plano Diretor”.

“Embora os técnicos afirmem que Campinas não deve expandir sua área urbana, o novo plano cria uma legislação que de fato permitirá o avanço urbano sobre a zona rural”, afirma o documento do Coletivo da Unicamp pelo Plano Diretor de Campinas. A potencial expansão da área urbana até os municípios de Jaguariúna, Paulínia, Sumaré, Hortolândia, Monte Mor, Indaiatuba e Valinhos é um dos riscos contidos na proposta da Prefeitura para o Plano Diretor, assinala o Coletivo.

O Coletivo manifesta especial preocupação pela proposta de criação de um novo eixo viário, promovendo o adensamento urbano no distrito de Barão Geraldo, onde seria permitida a construção de edifícios de até 20 andares, na avaliação contida no documento. O debate na Adunicamp será transmitido pela internet, através do site da entidade (www.adunicamp.org.br).

A Prefeitura tem aprovado importantes iniciativas para Campinas, como o Plano Municipal de Educação Ambiental e o programa de pagamento por serviços ambientais. Entretanto, se efetivada a redução drástica da zona rural, no contexto do novo Plano Diretor Estratégico, serão muito afetadas essas e outras conquistas, como a relevante marca dos 100% de capacidade de tratamento de esgotos.      

 

 

Sobre José Pedro Soares Martins

Mineiro nascido com gosto de café e pão de queijo, ama escrever pois lhe encantam os labirintos, os segredos e o fascínio da vida traduzidos em letras.

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