A Arábia Saudita foi goleada pela Rússia na abertura da Copa de 2018. Rússia que persegue homossexuais e acorrenta a imprensa e Arábia Saudita que lidera coalizão árabe contra os houthis que controlam boa parte do Iêmen. Os houthis teriam apoio, inclusive armado, do Irã, que hoje jogou e ganhou do Marrocos. Pelo menos 16 dos 32 países que disputam a competição convivem no momento com episódios de violência extrema, xenofobia, grave crise econômica e outras formas de crueldade e instabilidade. Mas tudo bem, é a Copa mermão!
Que o digam os milionários do Brasil comandado pelo Tite campeão de publicidade no país em que, segundo as pesquisas, a maioria está mesmo é preocupada com o caos que nos cerca e nos quer jogar para o abismo. Uma seleção absolutamente descolada da realidade brasileira, cujos atletas são propriedade de empresários de conhecido currículo.
Como sempre acontece, desde 1970, neste ano não é diferente. Torcer ou não pelo Brasil? Naquele ano e depois, até 1982, muitos não torceram, pois isso reforçaria a ditadura. Em 2018 é a mesma coisa. Torcer significaria “apoiar o golpe” que levou Michel Temer ao poder ou, no mínimo, alienação em relação “a tudo que está acontecendo”.
Torcendo ou não torcendo, o brasileiro e grande parte do mundo continuarão amando o futebol. O futebol desfigurado, engolido pelas máquinas de fazer dinheiro, pelo consumismo dilapidador, que não vai apagar as guerras, armadas ou não, que estão matando e mutilando, no corpo e na alma, milhões por todas as partes.
Aquele menino que vibrava quando o pai chegava com as figurinhas da seleção ainda está aqui. Ele não vai esquecer o que é e o que representa o futebol.