Toda atenção no Congresso Nacional será pouca nos próximos anos (Foto Adriano Rosa)
Toda atenção no Congresso Nacional será pouca nos próximos anos (Foto Adriano Rosa)

Pós-pandemia e Bolsonaro, qual o rumo do Brasil?

As pandemias levaram a grandes transformações, geralmente a médio e longo prazos, mas sempre de grande magnitude. A chamada Peste Negra abriu as portas para um grande questionamento sobre a Igreja Católica e, portanto, para a futura Reforma Protestante e o Renascimento. A Gripe Espanhola contribuiu para imensas mudanças sobretudo na Europa, que infelizmente levaram depois à Segunda Guerra Mundial. Os impactos da pandemia de Covid-19 não estão muito claros ainda. Um deles foi a aceleração da digitalização da economia. Em termos culturais ainda é cedo para mensurar. Mas e o Brasil, que além do Sars-CoV-2 teve que enfrentar a barbárie do bolsonarismo?

Foi muita tragédia junta, em pouco espaço de tempo. Ainda vai demorar anos, talvez décadas, para termos a real dimensão do estrago que foi feito. No plano educacional, foi uma catástrofe para o aprendizado de milhões de crianças e adolescentes. Na área da saúde, milhões de diagnósticos deixaram de ser feitos, com resultados que ainda vão explodir nos próximos anos. Sem falar nas milhares de mortes que poderiam ser evitadas, tivéssemos um governo de fato.

Muitos falaram que a pandemia talvez possa levar a um sentimento coletivo de mais cuidado com a vida e de cooperação e solidariedade. Ou, pelo contrário, pode alimentar o egoísmo, o individualismo, o racismo, a homofobia? No Brasil, em particular, em que muito ódio político foi destilado, talvez estejamos transitando mais para essa segunda opção.

Acho que é cedo para sabermos, de fato. Mas o que é certo é que ainda virão anos duros, de muito trabalho e urgente sentido de esperança. Sem ele estaremos em um beco sem saída.

De concreto, um roteiro pode ser desenhado. É preciso fortalecer o SUS, que demonstrou toda a sua relevância durante a pandemia – sem ele, teríamos uma hecatombe nesse país. É preciso investir como nunca em educação, da infantil ao ensino superior. E muito mais arte e cultura. E retomar com firmeza os esforços na área ambiental, destroçada nesse (des)governo que termina.

Mas há algo intangível que será muito mais desafiador. A alma do Brasil está muito ferida. Dependerá de cada um de nós a sua cura. Vigilância constante no governo federal, Congresso Nacional e outros poderes, em todas as esferas. Mas olho atento ao que é possível fazer, cada um de nós, no seu cotidiano. Pequenas atitudes que podem levar a enormes mudanças.

 

 

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