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Assunto de homem

“A clínica chamara, eu deveria entregar a amostra para ser congelada no dia seguinte às dez da manhã em ponto. Fui às oito, queria ter tempo de sobra para entregar o material. Recebi as orientações de uma enfermeira que dizia que eu deveria lavar muito bem as mãos, que não usasse nenhum tipo de gel ou saliva, ouvia tudo de cabeça baixa como a um garoto ouvindo o sermão de uma mãe irritada com as suas travessuras, era vergonha, arrependimento e ansiedade. Entrei na sala, segurando um potinho de tampa vermelha que ela me entregara. Diante de tantas tecnologias médicas, a coleta de sêmen é feita sem nenhum equipamento especial nem especialista, tudo é feito, MANUALMENTE, se é que vocês me entendem… A sala não tinha mais que dois metros quadrados. Num canto uma cadeira azul; ao lado, uma mesinha …

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Crédito: iStock

E a coisa era outra coisa…

Desempregado há um ano e meio, claro que não vi problema algum em me candidatar ao trampinho oferecido pela internet: “Precisa-se de cobaias para experimento inovador do Laboratório Avançado de Estudos Neuronais. Procedimento não prejudicial a saúde. Remunera-se bem. Candidatos devem ser maiores de idade, passarem em testes de acuidade cognitiva, se absterem de álcool, tabaco, drogas ilícitas e medicamentos psicoativos por no mínimo 48 horas, e terem, no mínimo, formação escolar média”. Ora, que preju adviria de deixar que uns doidos de jaleco me metessem uns sensores na cachola? O problema: não imaginei que a merda me transformaria, contra minha vontade, num viajante extradimensional, mais perdido que cachorro em dia de mudança. * * * Tá, cheguei no lugar indicado, entrei numa fila com alguns outros candidatos pingados, me inscrevi. Quando chegou minha vez, o que não demorou nadica, …

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LaBeouf e Gudnason, como McEnroe e Borg (Foto Divulgação)

“Borg vs. McEnroe”, o jogo entre o gelo e o fogo em um filme que deu match

De volta a 1980, final de Wimbledon. Björn Borg e John McEnroe em uma batalha que os comentaristas da época anunciavam como “o jogo entre o gelo e o fogo”. O filme “Borg vs. McEnroe”, estreia do documentarista Janus Metz no cinema de ficção, recria com emoção, tensão e criatividade uma das rivalidades históricas do tênis em um filme que vai além do vai e vem da bolinha. E deu match. Muitos. Aos 24 anos, o sueco Björn Borg, vivido no filme por Sverrir Gudnason, sofria a pressão de conquistar seu quinto título seguido na prestigiada competição, sempre sem demonstrar nenhuma emoção. Do outro lado da quadra estava o norte-americano John McEnroe, muito bem representado por Shia LaBeouf, de 20 anos, conhecido por seu temperamento explosivo, em busca de seu primeiro título. Nenhum dos atores joga tênis, mas a magia …

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(Foto Arquivo Pessoal)

Um longo caminho pela frente

Um grande problema para quem estuda ciências relacionadas com alimentação e nutrição é que, para desenhar experimentos que nos forneçam dados acurados sobre efeitos de uma dieta no organismo, é bastante complicado.  Muitos experimentos são bastante básicos para nos dizerem algo, muitos são realizados em placas de Petri e em animais. Infelizmente, o corpo humano é, de longe, mais complexo, e muitos estudos realizados são bastante duvidosos. Muitos efeitos somente são observados após um longo período de tempo e, para obter resultados rápidos, trabalha-se com suposições baseadas em resultados obtidos em tecido celular ou em ratos. Por isso, são bem poucas as descobertas baseadas em uma situação mais voltada à vida real, feita com pessoas e que abrangem longos períodos de tempo como, por exemplo, os efeitos da ingestão de algum alimento ao longo dos anos. Uma questão que, até …

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Crédito: “Trilhos e Linhas – História do Transporte Urbano Em Campinas”, de Marcos Pimentel Bicalho

Nascido em plena guerra

O dia 12 de novembro de 1985 foi uma terça-feira de guerra em Campinas. Uma greve no transporte coletivo virava a cidade de cabeça pra baixo, numa época em que greves ainda eram episódios heroicos e os sindicalistas não eram tão suscetíveis a negociatas obscuras como hoje. Tudo muito emocionante, mas a verdade é que sobrava pros repórteres: piquetes aqui, prisões ali, protestos acolá, congestionamentos no trânsito, sempre. Foi no meio desse turbilhão que nasceu meu filho. Prematuro. Eu na rua. A surpresa me atingiu quando liguei pra redação do saudoso Diário do Povo, para consolidar a pauta. De orelhão. — celular? Rádio? Não, o futuro ainda não tinha chegado. Alguém lá na redação tinha recebido a notícia do nascimento antes de mim. Voei pra maternidade. Depois de atropelar uns três funcionários e invadir um monte de áreas restritas, cheguei …

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