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Crédito: ND Strupler/creativecommons.org

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A Pensão da Tia Marilda para Rapazes Solteiros era, sem sombra de dúvidas, o fim do poço a que um desempregado crônico e cachaceiro como eu poderia chegar. Ou até não: abusando do restinho do salário-desemprego, até que consegui alugar um quartinho individual, dádiva, visto que naquela altura do campeonato, o que eu menos queria suportar seria dividir o espaço com outros losers iguais ou até piores do que eu. Historicamente funcionando sem alvará nem anjo da guarda no cinturão urbano em torno da antiga estação rodoviária, a pensão não fazia perguntas demais — e nem nós, os hóspedes, naturalmente. E tinha outra vantagem: ficava próxima do centro da cidade, o que facilitava muito minha atividade atual como camelô, que abracei havia alguns anos desde que levei um pé na bunda da firma onde trabalhava como almoxarife; a localização também …

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Cacalo Fernandes_bola grande

Mãe é mãe, paca é paca.

O que uma bola daquele tamanho estaria fazendo no meio da rua. Mas estava presa por um cabo de aço. Parecia o mundo agarrado pelo rabo. Comecei a andar um pouco mais rápido. Virei a esquina. Espiei pelo rabo de olho. Nada. Espiei de novo. E não é que ela apareceu? Que praga era aquela? Acelerei ainda mais os passos. Virei outra esquina. Olhei de novo pelo canto dos olhos. Nada. De novo. Nada. Ufa! Desacelerei os passos. Passou a desgraça. Ia olhar pra cima. Resolvi Não fazer nada. Anda rápido, vai. E não é que a “redonda” apareceu de novo. Ela ocupava a rua toda. Resolvi correr. E quanto mais eu corria mais ela caminhava rápida. Não acredito. Entrei em outra rua. Mas era uma sem saída! No final tinha um muro enorme. Tentei pular. Não deu. Pulei mais …

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“A Criada”, do cineasta sul-coreano Park Chang-Wook, já levou mais de 40 prêmios por onde passou

“A Criada”, um dos melhores fimes da temporada, é sobre o poder das mulheres

O ano mal começou e um filme já está entre os fortes concorrentes aos melhores títulos que entraram em cartaz em 2017. Em tempos de “empoderamento feminino”, “A Criada”, do cineasta sul-coreano Park Chang-Wook, é drama, é suspense, é romance, é sexy, conta com uma reviravolta fenomenal e tem deixado os espectadores surpresos e saciados após 2h25min, em uma história em três atos que exala o poder das mulheres. Até agora já levou mais de 40 prêmios por onde passou e será difícil superar ou até mesmo igualar sua soberania nas listas dos “the best”. O cineasta Chang-Wook comprova sua evolução depois da chamada “trilogia da vingança”, composta por Mr. Vingança” (2002); “Oldboy” (2003) e “Lady Vingança” (2005). Não que “A Criada” não retorne ao tema, mas, desta vez, há um roteiro bem mais intrincado, que envolve trapaças e trapaceiros …

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Crédito: Garry Knight/creativecommons.org

Adivinhe quem manda agora

O delegado da Infância e Juventude estava realmente de saco cheio daquilo. A cena só variava quanto às identidades informadas pelas vítimas. De resto, elas, as vítimas, pareciam oriundas de uma fornada de clones: sempre garotinhas púberes, — embora exalassem maturidade nas expressões corporais e na linguagem — bonitinhas, cabeleiras exuberantes e de pele muito lívida, meio diáfana mesmo. A maioria era tão mirradinha que parecia até levitar pela sala de depoimentos. O mais intrigante era que as queixas eram, invariavelmente, as mesmas: todas haviam, em alguma medida, sido molestadas pelos chamados “palhaços assustadores”, a pegadinha de mau gosto do momento nos centros urbanos maiores. O acúmulo de casos foi tanto que o delegado se viu obrigado a solicitar aos superiores a consultoria de um psicólogo forense gabaritado. — Então, foi assim, seu delegado: eu tava indo pra minha aula …

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O elenco bem escolhido de "TOC - Transtornada, Obsessiva, Compulsiva", comédia brasileira que estreia nesta quinta-feira (2 de fevereiro)

“TOC”, enfim uma comédia nacional inteligente, que ri de si mesma

Enfim, a comédia brasileira consegue mostrar alguma criatividade e rir de si mesma em “TOC – Transtornada, Obsessiva, Compulsiva”, filme estrelado por Tatá Werneck que entra em cartaz nesta quinta-feira (2 de fevereiro). Um pouco de Monty Phyton, mais auto-ironia, elenco bem escolhido, trilha sonora divertida e diálogos inteligentes levam o filme a um novo patamar entre as comédias nacionais. “TOC” não é o riso escrachado, escatológico e fácil que os brasileiros se acostumaram a ver nos cinemas – e que encheram os bolsos dos produtores. O filme é um pouco mais cabeça e, por isso, terá que achar e convencer seu público, aquele que amadureceu vendo “Seinfeld”, por exemplo. “Monty Phyton é nossa religião”, diz o diretor Teodoro Poppovic, que assina o comando do filme com Paulinho Caruso, filho do cartunista Paulo Caruso, na coletiva de imprensa de “TOC”, …

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