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A policial Laurel Hesten é vivida por Julianne Moore em "Amor por direito", ao lado da jovem atriz Elle Paige que faz Stacie Andree; casal se tornou símbolo da luta pela igualdade de direitos para parceiros do mesmo sexo nos Estados Unidos       Fotos: Divulgação

“Love Story” entre garotas para mudar a história

“Ah, se fosse no meu tempo…” Torci o pescoço para ouvir o restante da frase, já adivinhando, mas, qual não foi a minha surpresa quando a idosa ao meu lado seguiu no caminho oposto: “Se fosse no meu tempo elas iam sofrer muito e talvez essa história não terminasse bem, mesmo que fosse amor verdadeiro”. As garotas na nossa frente, de mãos dadas, exalavam amor adolescente. Nem aí para o resto do mundo, seguiam seu caminho no calçadão de Copacabana. É certo que o amor entre garotas tem povoado o cinema recente, como o energético “Azul é a Cor Mais Quente” e o gélido, porém comovente, “Carol”. Até a novela da Globo já mostrou. Mas uma nova história, que acaba de chegar à telona, carrega as tintas da vida real. E faz pensar, e faz chorar. “Amor por Direito” (“Freeheld”, no título original), com direção de Peter Sollet, …

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A história da mulher que viveu por muitos anos em uma van fedorenta foi levada aos cinemas pelo dramaturgo britânico Allan Bennet (que primeiro a adaptou para o teatro) em parceria com o diretor Nicholas Hytner        Fotos: Divulgação

Quem não tem van vive na areia

As primeiras horas da manhã revelam o que o meio-dia esconde nas areias de Copacabana. Sem guarda-sol, barracas e cadeiras, o cenário reúne dezenas de sem-teto que fazem da praia a sua moradia. Uma senhora, desconfiada, trata de proteger seus pertences enquanto os primeiros caminhantes cruzam o seu “quintal”. Na noite anterior conferi o filme “A Senhora da Van”, e é impossível não fazer associações. No longa, “baseado em fatos mais ou menos reais”, como é informado logo no início, acompanha-se o drama da senhora Sheperd, interpretada com a mesma maestria de sempre pela veterana atriz britânica Maggie Smith. A senhora do título é uma sem-teto, ou melhor, ela tem um teto, uma van, que estaciona em trechos aqui e ali no bairro de Camden Town, na Londres dos anos 1970. Esqueça toda a pompa, a riqueza e o luxo …

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Em “A Ópera do Cemitério”, Juliana Rojas conta a história de um jovem ajudante de coveiro, sensível, que toca piano e tem dó dos mortos   Foto: Divulgação

O estranho mundo de uma cineasta campineira

Por uma dessas coincidências da vida, o primeiro convite para assistir a um filme em sessão para jornalistas no Rio de Janeiro, onde passo uma temporada, foi justamente o de uma diretora campineira. Juliana Rojas, em sua primeira incursão solo depois de co-dirigir o premiado “Trabalhar Cansa” com Marco Dutra, apresenta “Sinfonia da Necrópole”, prêmio da crítica no Festival de Gramado do ano passado, que tem estreia nacional nesta semana (14 de abril). Antes da sessão faço uma pesquisa rápida e o trailer logo chama atenção. Um filme musical sobre coveiros? Pergunto aos amigos, críticos de cinema, suas impressões. “Você tem que ver, vai gostar.” E assim o estranho mundo de Juliana Rojas está na tela. E sim, Marco Dutra, parceiro desde a época da faculdade, continua ao seu lado, assinando as letras da trilha sonora. Juliana Rojas e Marco …

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Aprendemos a consumir de uma forma imediatista e irresponsável; será preciso uma desintoxicação de anos de consumo sem filtro     Fotos: Mix Bazar

O que a sustentabilidade pode fazer por você

É estranho esse título. Ainda mais invertido. Geralmente é o que você pode fazer para a sustentabilidade. Fato é que está ficando insustentável viver como se não houvesse amanhã, consumindo e esgotando os recursos disponíveis para adquirir coisas e mais coisas em nome de uma satisfação imediata que nunca se esgota. Nos tornamos dependentes dessa rotina e estamos ficando cansados. Descobrir que a sustentabilidade é que pode fazer algo por nós é uma experiência libertadora: pensar sustentável propicia trocar a satisfação imediata por algo mais perene, o que acaba com boa parte de nossas angústias. Para tanto, é necessário diminuir o ritmo num compasso que permita ao menos mudar a chave do nosso modus operandi que está viciado na forma imediatista e irresponsável que aprendemos a consumir para um modelo mais consciente, um tipo de consumo amparado pela economia colaborativa, …

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O documentário “Finding Vivian Maier” (no Brasil, “A Fotografia Oculta de Vivien Maier”) mostra como a babá Vivian Maier atravessou uma existência anônima fotografando anônimos pelas ruas   Fotos: Vivian Maier/Maloof Collection

Por que você está me fotografando?

Todos querem aparecer na foto, principalmente aparecer “bem” na foto. E depois postar. Munidos de seus paus de selfie, posam para si mesmos, sorriem para o infinito, como se não houvesse amanhã. Mas, em uma esquina da Avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma babá de mãos dadas com uma criança, saca o celular e tira fotos dos outros, dos que esperam o sinal abrir. “Por que está me fotografando?”, diz, com cara de poucos amigos, um turista que já abusou do sol causticante do Rio de Janeiro, que ainda não recebeu a chegada do Outono, como bem podemos sentir. O semáforo libera a passagem dos pedestres, interrompe, não há como saber se houve resposta, e todos caminham em direção à praia mais famosa do Brasil. Impossível não lembrar de Vivian Maier, que atravessou uma existência anônima fotografando anônimos pelas ruas, …

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