Conhecidos lá fora como mercado das pulgas, second hand shops e garage sale, os brechós são populares nos Estados Unidos e na Europa     Fotos: Divulgação
Conhecidos lá fora como mercado das pulgas, second hand shops e garage sale, os brechós são populares nos Estados Unidos e na Europa Fotos: Divulgação

Sobre brechós, mitos e novos hábitos

10 FabiMarcela mais perto_500Era uma edição especial de brechó. Muita gente, muitas peças, umas vestindo, outras pedindo; e pega, entrega, dobra, quando uma cliente fez a pergunta: O que é um brechó?

Brechó é uma loja que vende artigos usados (de segunda mão), principalmente roupas, calçados, acessórios, louças e objetos de arte. Conhecidos lá fora como mercado das pulgas, second hand shops e garage sale, são populares nos Estados Unidos e na Europa onde peças exclusivas e peças vintage se misturam em meio a tudo, menos pulgas.

A origem da palavra

Somente o Brasil usa o termo brechó, pois no século XIX, no Rio de Janeiro, um comerciante chamado Belchior abriu sua primeira loja de produtos de segunda mão e, conforme foi ficando conhecido, com o boca-a-boca bem ao estilo telefone sem fio, Belchior virou brechó.

Quando se fala em brechó, algumas ideias pré-concebidas vêm à tona. No imaginário, os brechós são espaços abarrotados com roupas usadas, velhas e com cheiro de mofo, onde garimpar uma peça legal é sinônimo de fuçar muito sem ter garantia de que vai encontrar algo bacana, limpo e cheiroso.

Mas, verdade seja dita, nos dias de hoje, muitos são os brechós que têm um ambiente agradável, uma seleção de peças interessantes e exclusivas onde o cheiro do mofo não passa por ali nem de longe.  São brechós que se profissionalizaram, que fazem uma curadoria apurada para ter nas suas araras só peças legais, em bom estado e limpas. Sim, a higienização das peças é fundamental. Alguns existem há longa data, como é o caso do ‘Brechó Minha Avó Tinha’, de São Paulo, especializado em peças vintage, que tem 24 anos de estrada e cujo proprietário, Franz Ambrósio, é um profundo conhecedor da história da moda.

Ainda é forte no imaginário a ideia de que os brechós só têm roupas usadas, velhas e com cheiro de mofo, mas nos dias de hoje muitos têm um ambiente agradável, uma seleção de peças interessantes e exclusivas onde o cheiro do mofo não passa por ali
Ainda é forte a ideia de que os brechós só têm roupas usadas, velhas e com cheiro de mofo, mas hoje muitos têm um ambiente agradável, uma seleção de peças exclusivas onde o cheiro do mofo passa longe

As três variações

Em geral, existem três tipos de brechós: os que trabalham com peças vintage (qualquer peça que tenha pelo menos 20 anos e menos de 100 anos, depois disso é considerada antiguidade), os de luxo que trabalham com marcas importadas e nacionais de grandes grifes e os que trabalham com peças atuais. Um mesmo brechó pode acomodar mais de um desses tipos.

O Sebrae elaborou uma cartilha onde foram definidas as melhores práticas para um brechó. Nesta cartilha, define-se como é a melhor forma de comprar peças, cuidar das peças e como vender de forma profissional.

Ainda sobre os mitos de brechó, já ouvimos de algumas pessoas que roupas de segunda mão vêm carregadas da energia de quem as usou. Bom, a gente pensa um pouco diferente. Na verdade, essa roupa vem é com muita história! Hoje, cerca de 50% do nosso guarda-roupa são peças de segunda mão. A peça de brechó nos traz uma certa dose de curiosidade sobre quem já a usou e em que ocasião. A roupa em bom estado, esquecida em um guarda-roupa qualquer, tem a chance de sair do armário e circular por aí com um novo dono.

Mas pegando o gancho da energia, nós aqui ficamos pensando que tipo de energia carrega uma peça nova das grandes redes de fast fashion que vêm de países onde a exploração de mão de obra barata é carregada de sofrimento, dor e até sangue?

Para encontrar o seu estilo

Os preços praticados em brechós geralmente são 70% inferiores em relação ao valor da peça nova, isso permite ousar um pouco mais na hora de escolher uma peça que temos vontade de usar, mas que dá um certo medinho por ser diferente do nosso estilo rotineiro. Não quer dizer que a gente sai por aí comprando sem pensar: o consumo consciente é parte da nossa rotina.

Recentemente, ouvimos de uma cliente que é em brechó que ela descobre novas possibilidades de compor peças e cria coragem para usar algo diferente do seu estilo usual.

Se tem um lugar perfeito para te ajudar a descobrir o seu estilo, esse lugar chama-se brechó. O fato de não encontrar repetições e uniformidades te conduz a vasculhar até encontrar suas preferências: o processo acontece de dentro para fora e não de fora para dentro.

Experimente. Tem muito brechó bacana por aí.

Blog moda brechós3_fotoArtigo2 (1)

 

Sobre Fabiana & Marcela Pacola

FABIANA PACOLA IUS – Paulista, Jornalista e comprometida com o design. Planejar o visual gráfico é um desafio que considera fascinante. Acredita nas sutilezas do humor. Ultimamente anda de mãos dadas com a economia criativa e colaborativa. A sustentabilidade e o consumo consciente andam rondando seu cotidiano. MARCELA BRANDI PACOLA – Paulista, administradora de empresas, curiosa e inquieta. Dentre suas paixões, a moda e a arte sempre ocuparam um lugar especial. Depois de uma longa jornada pelo mundo corporativo, resolveu dar uma chacoalhada na sua vida e se aventurar pelo universo da economia criativa. Acredita que os novos modelos de negócio desenvolvidos a partir da criatividade e do colaborativo nos ajudarão a construir um futuro mais humano e sustentável.

Check Also

Aprendemos a consumir de uma forma imediatista e irresponsável; será preciso uma desintoxicação de anos de consumo sem filtro     Fotos: Mix Bazar

O que a sustentabilidade pode fazer por você

É estranho esse título. Ainda mais invertido. Geralmente é o que você pode fazer para …

13 comentários

  1. Encantada com a energia destas meninas ….
    Fabiana e Marcela ….

  2. Adorei a contextualizacao! Leve e colorida como muitos mercados de pulgas da minha lembranca. Grata por me fazerem viajar ❤️

  3. Bem, sou muuuuito suspeita pra falar qualquer coisa… só vou dizer que me sinto privilegiada por conhecê-las há muito tempo e participar dessa transformação em suas vidas, que agradece e descarta o que não serve mais, valida o bom e o belo e os preserva e, contínua e consistentemente, abre espaço para o novo, com curiosidade e sem medo de ser feliz. Amo tudo isso. Bravo por materializarem um estilo de vida com o qual muitos sonham, porém, poucos ousam. Logo passo aí pra outro abraço apertado e café com bolo 🙂 Beijossssssssssss

    • Fabiana Pacola

      Que bacana, Creusa. Você é uma pessoa iluminada. A gente espera sua visita (com café e bolo, claro)…rs… Bj

  4. Meninas! Quanto orgulho de vocês.
    Vocês me representam!!!!

  5. Franz Ambrosio

    Envaidecido.
    Leia Contos de Canário de Machado de Assis.
    Lá o personagem pula de um tilburi e entra em uma casa de belchior toda escura e atravacanda de coisas..

    Lindo o texto de vcs.
    Gratidão.