“Para corrigir uma indiferença natural, fui colocado a meio caminho entre a miséria e o sol. A miséria impediu-me de acreditar que tudo vai bem sob o sol e na História, o sol ensinou-me que a História não é tudo.”
(Albert Camus)
Tivemos aqui na Inglaterra dias bem quentes, e uma onda de calor fez com que cidades como Londres registrassem temperaturas de até 36 graus, uma estação do metrô foi fechada e alguns jornais noticiavam mortes causadas por insolação e desidratação, principalmente em crianças e idosos. Eu, por ter vivido no interior de São Paulo, não creio que iria sofrer algum problema de saúde por essa onda de calor, mas, para os ingleses, ao terem que lidar com isso, exigiu-se um esforço maior em suas rotinas. O ar de cansaço, mal estar e mau humor deles foi bastante visível no decorrer da semana.
Em sua obra prima “O estrangeiro” Albert Camus nos coloca diante do desconforto e do absurdo. No livro, o personagem principal, Meursault, mata uma pessoa sem um motivo aparente. Justifica-se ter matado o homem por causa do sol que lhe causava irritação e desconforto.
“Por causa desse queimar, que já não conseguia suportar, fiz um movimento para a frente. Sabia que era estupidez, que não me livraria do sol se desse um passo”.
Nesse livro, o sol é um elemento marcante e acompanha o personagem em todos os momentos de sua vida. É como se a ideia de assassinar alguém fosse aceitável, pois o calor enlouquece, frita nossos miolos, deixa-nos incomodados. Claro que a grandiosidade de sua obra existencialista vai além de uma justificativa tão simplista como a que levantei.
Esta observação, todavia, poderia ser o mote principal para uma questão ainda pouco compreendida. De que maneira o clima do planeta poderia influenciar nossa saúde mental? A interferência do clima e a saúde emocional estão cada vez mais sendo entendidas. O clima afeta a saúde em termos gerais, isso é fato, desde mortalidade causada por doenças transmitidas por vetores até a taxa de paradas cardíacas.
Essa relação entre clima e saúde vem através de diversas formas: direto, como ferimentos e mortes causados por tempestades, alagamentos; ou, indiretos, causados por gripe endêmica ou um vetor que transmite alguma doença. No Brasil, uma determinada estação do ano favorece a proliferação de mosquitos transmissores da dengue que poderá causar uma epidemia de dengue.
O clima também influi em guerras e conflitos sociais causados, por exemplo, pela escassez de alimentos em períodos de seca, quando vemos desnutrição e morte de milhares de pessoas.
Poucos estudos têm mostrado uma relação entre as condições climáticas e a saúde mental das pessoas. Um estudo recente, publicado pela revista Nature Climate Change, mostrou um resultado um tanto quanto assustador.
Pesquisadores encontraram uma ligação entre altas temperaturas e o aumento na taxa de suicídio nos Estados Unidos e México. Eles analisaram dados médicos de mais de 850.000 suicídios num período de 36 anos nos EUA e mais de 611.000 suicídios num período de 20 anos no México. Eles descobriram que, em média, para cada grau em que a temperatura aumentava, a taxa de suicídio aumentava em media 0.7% nos EUA e 2.1% no México. Essa mesma taxa acompanhava os períodos de calor observados durante o ano.
Os pesquisadores não sabem explicar o porquê, mas acreditam que a serotonina esteja envolvida nesse aumento de suicídios, pois esse hormônio, além de afetar a saúde mental, também regula a temperatura corporal. Eles também estipulam que, se as temperaturas seguirem subindo até 2050, ter-se-á um acréscimo de 40.000 suicídios. Outro dado encontrado envolve as redes sociais. Foram analisados 620 milhões postagens no Twitter e descobriu-se que linguagens depressivas eram mais frequentes em períodos de ondas de calor que em baixas temperaturas. Esse resultado veio a trazer ainda mais perguntas para o que vem ocorrendo nos EUA nos últimos anos. Sim, a cada nova descoberta, abre-se um leque de novas perguntas. O CDC (Centro para Controle de Doenças e Prevenção) divulgou um resultado bastante intrigante sobre a saúde mental dos norte-americanos, e os dados mostram que a taxa anual de suicídios nos Estados Unidos aumentou para quase 28% entre os anos de 1999 e 2016.
As taxas de suicídio estão aumentando. Em 2016, aproximadamente 45.000 pessoas a partir dos 10 anos de idade morreram por suicídio ali. Ninguém sabe justificar isso, e eu acredito que nunca alguém será capaz de fazê-lo, pois nenhuma justificativa sozinha seria capaz de explicar as causas de uma pessoa decidir morrer. Suicídio é raramente causada por um único fator. O curioso é que em outros países desenvolvidos as taxas estão caindo enquanto nos EUA ela está aumentando. Parece que seria algo único acontecendo ali.
Alguns especialistas apontam diversas explicações, que incluem a crise econômica de 2008, o vício em remédios para dor à base de opióides (o mesmo princípio da morfina e heroína) e, até mesmo, o famoso Sonho Americano, que diz que, se você trabalhar duro, você se livrará da pobreza, e isso tem-se mostrado falho.
No combate ao suicídio o Brasil possui o CVV – Centro de Valorização da Vida – que realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo, voluntária e gratuitamente, a todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo, por telefone, email e chat 24 horas, todos os dias. O telefone é 188 e o endereço é https://www.cvv.org.br/basta acessar e ali você encontrará alguém para lhe ouvir.
Para quem quiser saber mais sobre o trabalho: “Higher temperatures increase suicide rates in the United States and Mexico” ele pode ser encontrado no site da Nature http://doi.org/csfp
O resultado divulgado pelo CDC pode ser encontrado:
www.cdc.gov/media/releases/2018/p0607-suicide-prevention.html
O Sol que mata pode ser o Sol que salva. Eu acredito que em vez de “Sol do Suicídio” poderíamos chamar de “Suicídio da Natureza provocada pelo Animal Racional” , para aqueles que acreditam em que as mudanças climáticas tenham a ver com as atitudes do Homem. Através do Sol e da Água podemos produzir o combustível que vai salvar o nosso Planeta e obviamente a sobrevivência de toda espécie de animal seja ela racional ou irracional, na verdade eu já estou em duvidas quanto a existência de animais racionais no nosso planeta. Através dessa dupla citada acima podemos produzir a energia elétrica tão necessária para nossa sobrevivência. Essa energia pode ser utilizada tanto para a mobilidade, como para produção industrial, agropecuária, etc. etc.. E o melhor de tudo, com níveis irrelevantes de poluição ambiental e sonora. Podem acreditar eu não sou um produtor de filmes de ficção cientifica de Hollywood e nem um cientista tão maluco quanto pareço. Isso não é coisa do futuro, porque esse futuro já chegou e esta sendo disseminando pela Califórnia.