Filmes sobre planos mirabolantes de roubos a bancos não são exatamente uma novidade. Mas volta e meia retornam e muitas vezes com um toque original. “No Fim do Túnel” (Al final Del túnel), escrito e dirigido pelo argentino Rodrigo Grande, consegue inovar e mexer com os nervos do espectador, principalmente por causa do inusitado protagonista, um recluso homem preso a uma cadeira de rodas vivido pelo galã argentino Leonardo Sbaraglia.
Sbaraglia, que esteve no recente Festival de Gramado com “O Silêncio do Céu”, já comentado nesta coluna, tem sido apontado pela imprensa especializada como “o novo Ricardo Darín”. Conhecido por aqui por causa de “Relatos Selvagens”, da sequência em que dois homens se enfrentam numa briga na estrada, tem mostrado atuações marcantes, como em “O Silêncio do Céu”, no papel do marido que vê a esposa (Carolina Dickman) ser estuprada sem conseguir reagir. O argentino faz as vezes do não-galã que, mesmo assim, consegue ser galã. Sem dúvida, um sucessor à altura para Darín.
Em “No Fim do Túnel” o ator dá vida ao melancólico Joaquin, um cadeirante que, aos poucos, aprendemos a conhecer. O clima é “hitchcockiano”, a começar pelo herói com pouca mobilidade que já faz lembrar de “Janela Indiscreta”. Joaquin passa seus dias trabalhando com eletrônicos no porão em uma grande casa escura até que deixa entrar um pouco de luz com a chegada de uma jovem stripper (Clara Lago) e sua filha, que não fala. Descobre-se que, por problemas financeiros, havia anunciado um quarto para alugar. A princípio reluta em aceitar as novas inquilinas, mas aprova.
Joaquin passa a desfrutar deste novo cotidiano, mas algo se torna uma obsessão. Começa a ouvir vozes vindas do outro lado da parede de seu porão e não sossega até descobrir o que está para acontecer. Vale destacar: sua casa é vizinha ao prédio de um banco. Não demora para que ele, ao descobrir que um túnel está sendo cavado bem debaixo de sua propriedade, rapidamente elabore um plano paralelo.
Mais não dá para contar, só que Joaquin entende a duras penas que a chegada de suas novas moradoras não foi obra do acaso. A trama tem reviravoltas, impressiona pelo estilo ágil e principalmente pelas cenas de ação de um herói que não consegue mexer as pernas, como quando está preso em um túnel, com explosivos, só para citar uma das muitas situações de fazer remexer na cadeira. E o desfecho é de primeira, com boas doses de suspense e drama, e um toque de sarcasmo.
Incrível confirmar que o (bom) cinema argentino, que tanto nos faz pensar, independe de gênero para mostrar sua criatividade, sua vontade de contar histórias de um jeito que, no Brasil, já virou adjetivo (“parece filme argentino” é um elogio, quem discorda?). “No Fim do Túnel” é mais luz no já iluminado cinema dos nossos vizinhos, que provaram que sabem fazer suspense.
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