"Pequeno Segredo” representará o Brasil no Oscar e estreia aqui no dia 10/11; antes de chegar aos cinemas, já provocou polêmica
"Pequeno Segredo” representará o Brasil no Oscar e estreia aqui no dia 10/11; antes de chegar aos cinemas, já provocou polêmica

“Pequeno Segredo”, filme que vai representar o Brasil no Oscar, é de chorar

DaniPrandi_0188c_500Muitos acompanharam as aventuras da pequena Kat por mares nunca antes navegados durante muitos domingos no “Fantástico” no início dos anos 2000. A caçula da família Schurmann vivia com desenvoltura sua primeira infância em meio a cenários paradisíacos, desfrutando das belezas e das surpresas dos oceanos mundo afora. Algum tempo depois, já longe da TV, em 2006, veio a notícia: a garota havia morrido, aos 14 anos.

O que teria acontecido? Heloísa, a matriarca da família Schurmann, que tanto nos ensinou sobre a doçura da vida no mar, levou seis anos para revelar que Kat, que havia sido adotada, tinha HIV. No best-seller “Pequeno segredo: A lição de vida de Kat para a família Schurmann”, a mãe registrou, com amor e dor, uma história que daria um filme. E deu.

David, um dos filhos da família Schurmann, resolveu levar o drama de sua irmã para a telona. “Pequeno Segredo”, exibido fora de competição durante o recém-encerrado Festival do Rio, teve sessões concorridas, com a presença do diretor e elenco. A estreia está marcada para o dia 10 de novembro mas, antes mesmo de chegar aos cinemas, o filme já provocou muita polêmica.

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Marcello Antony, Julia Lemmertz e Mariana Goulart vivem Vilfredo, Heloísa e Kat, os aventureiros do mar

“Pequeno Segredo” foi o indicado pelo Brasil para tentar uma vaga ao Oscar na categoria filme estrangeiro. A maioria torcia por “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, já comentado aqui no Blog. Mas o filme teria sido preterido pela comissão responsável pela escolha por causa do protesto feito pela equipe no Festival de Cannes contra a situação política do Brasil naquele momento, à espera do impeachment.

O presidente da comissão, o cineasta Bruno Barreto, veterano de outras tantas corridas ao Oscar, apressou-se em explicar que “Pequeno Segredo” seria o mais adequado para tentar cativar Hollywood por sua história edificante. Mas o próprio Barreto chegou a dizer que o filme não era necessariamente uma obra-prima entre os 16 inscritos na seleção, mas, sim, o que mais proporcionaria um diálogo com os votantes da Academia.

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A mãe de Robert, pai biológico de Kat, é interpretada por Fionnula Flanagan (na foto, com Julia Lemmertz)

Quando foi indicado, o filme era praticamente uma incógnita, já que poucos o tinham visto. Depois, com as sessões para a crítica, não houve dó nem piedade a respeito da sucessão de clichês, sentimentalismo e a profusão de imagens estilo cartão-postal. Muitos desaprovaram, as redes sociais ferveram, o diretor ficou magoado… Mas aí veio o Festival do Rio, e a reação do público foi muito melhor do que a da crítica. Há belas cenas e boas interpretações em “Pequenos Segredos”, a destacar Julia Lemmertz no papel de Heloísa Schurmann, e também a trilha sonora de Antonio Pinto. Mas também há defeitos.

Ao contar três tramas paralelas – a história de amor vivida entre os pais biológicos de Kat, o neozelandês Robert (Erroll Shand) e a brasileira Jeanne (Maria Flor); a do casal Vilfredo (Marcello Antony) e Heloísa Schurmann (Julia Lemmertz) e a de Barbara (Fionnula Flanagan), mãe de Robert – a montagem um tanto quanto confusa demora para fazer o filme deslanchar. São muitas idas e vindas no tempo e quem não conhece a história pode se perder. A falta de carisma da atriz-mirim Mariana Goulart, que vive Kat na fase final, também não ajuda.

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Os pais biológicos de Kat, Robert e Jeanne, são interpretados por Erroll Shand e Maria Flor

Mas o filme é um belo projeto, que carrega emoção e deve atrair público. Kat vivia feliz até que descobriu seu “pequeno segredo” aos 13 anos, quando estranhou a quantidade de remédios que tinha de tomar, e então pediu para a mãe que, aos 14, queria contar sua história para todo mundo. Não deu tempo.

O filme torna-se uma bela homenagem feita por seu irmão mais velho. No próximo dia 24 de janeiro vamos saber se conseguiu se destacar entre os 85 filmes dos 85 países que disputam a pré-seleção do Oscar de filme estrangeiro. Enquanto isso, preparem os lencinhos: “Pequeno Segredo” é filme “de chorar”.

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As verdadeiras Heloísa e Kat, que partiu após navegar por todos os mares

Trailer

Sobre Daniela Prandi

Daniela Prandi, paulista, jornalista, fanática por cinema, vai do pop ao cult mas não passa nem perto de filmes de terror. Louca por livros, gibis, arte, poesia e tudo o mais que mexa com as palavras em movimento, vive cada sessão de cinema como se fosse a última.

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