Muitos acompanharam as aventuras da pequena Kat por mares nunca antes navegados durante muitos domingos no “Fantástico” no início dos anos 2000. A caçula da família Schurmann vivia com desenvoltura sua primeira infância em meio a cenários paradisíacos, desfrutando das belezas e das surpresas dos oceanos mundo afora. Algum tempo depois, já longe da TV, em 2006, veio a notícia: a garota havia morrido, aos 14 anos.
O que teria acontecido? Heloísa, a matriarca da família Schurmann, que tanto nos ensinou sobre a doçura da vida no mar, levou seis anos para revelar que Kat, que havia sido adotada, tinha HIV. No best-seller “Pequeno segredo: A lição de vida de Kat para a família Schurmann”, a mãe registrou, com amor e dor, uma história que daria um filme. E deu.
David, um dos filhos da família Schurmann, resolveu levar o drama de sua irmã para a telona. “Pequeno Segredo”, exibido fora de competição durante o recém-encerrado Festival do Rio, teve sessões concorridas, com a presença do diretor e elenco. A estreia está marcada para o dia 10 de novembro mas, antes mesmo de chegar aos cinemas, o filme já provocou muita polêmica.
“Pequeno Segredo” foi o indicado pelo Brasil para tentar uma vaga ao Oscar na categoria filme estrangeiro. A maioria torcia por “Aquarius”, de Kleber Mendonça Filho, já comentado aqui no Blog. Mas o filme teria sido preterido pela comissão responsável pela escolha por causa do protesto feito pela equipe no Festival de Cannes contra a situação política do Brasil naquele momento, à espera do impeachment.
O presidente da comissão, o cineasta Bruno Barreto, veterano de outras tantas corridas ao Oscar, apressou-se em explicar que “Pequeno Segredo” seria o mais adequado para tentar cativar Hollywood por sua história edificante. Mas o próprio Barreto chegou a dizer que o filme não era necessariamente uma obra-prima entre os 16 inscritos na seleção, mas, sim, o que mais proporcionaria um diálogo com os votantes da Academia.
Quando foi indicado, o filme era praticamente uma incógnita, já que poucos o tinham visto. Depois, com as sessões para a crítica, não houve dó nem piedade a respeito da sucessão de clichês, sentimentalismo e a profusão de imagens estilo cartão-postal. Muitos desaprovaram, as redes sociais ferveram, o diretor ficou magoado… Mas aí veio o Festival do Rio, e a reação do público foi muito melhor do que a da crítica. Há belas cenas e boas interpretações em “Pequenos Segredos”, a destacar Julia Lemmertz no papel de Heloísa Schurmann, e também a trilha sonora de Antonio Pinto. Mas também há defeitos.
Ao contar três tramas paralelas – a história de amor vivida entre os pais biológicos de Kat, o neozelandês Robert (Erroll Shand) e a brasileira Jeanne (Maria Flor); a do casal Vilfredo (Marcello Antony) e Heloísa Schurmann (Julia Lemmertz) e a de Barbara (Fionnula Flanagan), mãe de Robert – a montagem um tanto quanto confusa demora para fazer o filme deslanchar. São muitas idas e vindas no tempo e quem não conhece a história pode se perder. A falta de carisma da atriz-mirim Mariana Goulart, que vive Kat na fase final, também não ajuda.
Mas o filme é um belo projeto, que carrega emoção e deve atrair público. Kat vivia feliz até que descobriu seu “pequeno segredo” aos 13 anos, quando estranhou a quantidade de remédios que tinha de tomar, e então pediu para a mãe que, aos 14, queria contar sua história para todo mundo. Não deu tempo.
O filme torna-se uma bela homenagem feita por seu irmão mais velho. No próximo dia 24 de janeiro vamos saber se conseguiu se destacar entre os 85 filmes dos 85 países que disputam a pré-seleção do Oscar de filme estrangeiro. Enquanto isso, preparem os lencinhos: “Pequeno Segredo” é filme “de chorar”.
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