(Foto do banco do CC)
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A balada do jogador de sinuca

É indiscutível que, em nossa era, as pessoas estão vivendo mais e melhor do que alguns anos atrás. Avanços da medicina, associados à tecnologia, estão propiciando uma qualidade de vida nunca antes vista e, em nossos dias,  é possível viver completamente saudável estando acima dos 80 anos.

Diante dessa maior expectativa de vida, temos de pagar alguns preços: a tendência é que algumas coisas tendem a cair (mais do que nossas pálpebras). De acordo com dados da OMS – Organização Mundial da Saúde, a disfunção erétil (DE) afetará cerca de 322 milhões de homens até 2025 em todo mundo. No Brasil, a doença já atinge cerca de 30% da população masculina, o que representa cerca de 15 milhões de homens.

A disfunção erétil, além de um problema fisico, é, sem as dúvidas costumeiras, também um problema social: muitos homens têm suas vidas destruídas, mas em 1998, vieram as famosas pílulas azuis, que trouxeram esperança e solução para o problema: muitos pegaram de volta sua autoestima e milhares de relacionamentos foram salvos por conta disso.

O Viagra, e seus primos, foram uma revolução para o tratamento da DE. O mesmo pertence aos chamados inibidores de PDE5, pois facilita o relaxamento da musculatura, fazendo o sangue fluir nos corpos cavernosos do pênis e promovendo a ereção. Todavia, o Viagra tem seus poréns, e um deles é que o medicamento só funciona se houver estimulo: se você não estiver afim, seu garotão também não irá além disso. Temos também diversas reações adversas: muitas pessoas com quadros de doenças cardiacas ou circulatórias nao podem utilizá-lo.

Hoje já existe uma nova geração (se posso assim dizer) de medicamentos para combater a disfunção erétil. O mais famoso por aqui se chama Vitaros®, que é um novo método de tratamento da DE, totalmente revolucionário, pois, diferentemente do Viagra, e de outros, ele não é invasivo, você não precisa tomar nenhum comprimido e nem aplicar injeções.

Vitaros® é um creme, uma pomada de fácil aplicação. Ele foi desenvolvido, há alguns anos, por uma companhia farmacêutica Francesa e já chegou a toda a Europa. Esse medicamento é feito a partir de um composto que temos em nosso organismo, a prostaglandina. Esse composto existe em todas as nossas células, sendo derivado de ácidos graxos e possui muitas funções no organismo, sendo que uma delas envolve a vasodilatação.

Ao se aplicar esse creme na uretra, ele atuará diretamente no tecido cavernoso, facilitando o fluxo de sangue e garantindo uma ereção bastante satisfatória. De acordo com o fabricante, o resultado começa a aparecer dentro de 5 a 30 minutos, com uma ereção que dura em torno de duas horas. Infelizmente, ainda não existe uma previsão de esse medicamento estar disponível no mercado brasileiro (e por quanto será vendido).

O produto  está revolucionando o mercado, pela facilidade de se utilizar, pelos baixos efeitos colaterais, por não ser invasivo. O homem sempre foi visto como uma máquina sexual, sendo que qualquer estímulo já disparava seu mais intimo animal feroz sedento. Hoje em dia, porém, as coisas já não são bem assim, pois a vida moderna atribuiu muitas mudanças na sociedade: problemas financeiros, insatisfação com o trabalho, cuidar da casa e das crianças (direitos iguais para casais!) e a isso você adiciona ansiedade, depressão e crises de pânico, doenças essas que estão se tornando mais e mais comuns.

Diante dessas mazelas, agora seu amigão prefere não se “meter” nesses assuntos e deseja ficar ali quietinho no seu canto, sem incomodar ninguém, esse é o problema. O desejo sexual cai, e disso resultam as inseguranças, pois a(o) parceira(o) começa a achar que não é mais atraente e o sujeito entra num looping entre pressão social e afetiva.

Uma outra pesquisa, sobre o que também pode se tornar, em breve, um novo método de tratamento da DE, está sendo desenvolvida no Brasil, na qual pesquisadores estão estudando o veneno da aranha Phoneutria nigriventer. Ao ser picado por ela, o homem desenvolve o chamado priapismo, um quadro seríssimo em que se experimenta uma ereção que não termina (algo que pode causar necrose no pênis). Os pesquisadores estão estudando um método de se utilizar esse veneno para tratamento da disfunção erétil, e eles já descobriram, inclusive, o composto responsável: uma toxina chamada Tx2-6. Recentemente, pesquisadores do Butantã publicaram o resultado de uma pesquisa que mostra que essa toxina causou ereção em ratos, mesmo naqueles que possuíam problemas físicos no pênis, e isso seria uma alternativa aos implantes penianos em homens.

Tem uma piada que diz que sexo depois dos 60 anos de idade é o mesmo que jogar sinuca com uma corda, mas, hoje em dia, com a ajuda da ciência, é possível jogar sinuca e encaçapar, utilizando, inclusive, uma corda como taco.

 

 

Para saber mais:

 

A empresa que fabrica o creme Vitaros® disponibiliza várias informações em seu website www.vitaros.co.uk

 

Os resultados da pesquisa “Phoneutria nigriventer spider toxin Tx2-6 induces priapism in mice even after cavernosal denervation” podem ser encontrados em:

http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0041010117300727

Sobre André Sarria

Os certificados e papéis dizem que eu sou cientista, mas prefiro ser mais um "escutador" da natureza do que cientista. A natureza fala e eu a traduzo em linguagem de gente. Nasci em Cajobi e trabalhei em Londres como Pesquisador no Rothamsted Research. Atualmente moro em Madrid onde sou Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento em uma empresa Europeia de agricultura.

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