De volta a 1980, final de Wimbledon. Björn Borg e John McEnroe em uma batalha que os comentaristas da época anunciavam como “o jogo entre o gelo e o fogo”. O filme “Borg vs. McEnroe”, estreia do documentarista Janus Metz no cinema de ficção, recria com emoção, tensão e criatividade uma das rivalidades históricas do tênis em um filme que vai além do vai e vem da bolinha. E deu match. Muitos.
Aos 24 anos, o sueco Björn Borg, vivido no filme por Sverrir Gudnason, sofria a pressão de conquistar seu quinto título seguido na prestigiada competição, sempre sem demonstrar nenhuma emoção. Do outro lado da quadra estava o norte-americano John McEnroe, muito bem representado por Shia LaBeouf, de 20 anos, conhecido por seu temperamento explosivo, em busca de seu primeiro título.
Nenhum dos atores joga tênis, mas a magia do cinema nem deixa a gente perceber. Os movimentos em quadra foram reproduzidos como uma coreografia de balé e são de tirar o fôlego. Mas o centro nervoso do filme, porém, não está na partida propriamente dita, e sim nos dias que a antecedem. Com personalidades tão diferentes, Borg e McEnroe encaravam seus dilemas e a cena em que ambos, sentados, à espera da chamada para entrar em quadra transpira tensão. Eles sabiam que estavam prestes a viver um momento único no esporte. Tudo podia acontecer. E, mesmo para quem não é fã do esporte, a trama agrada pelo ritmo do thriller psicológico que mexe com os nervos.
O filme acompanha em paralelo a trajetória dos tenistas até aquele momento. De um lado está “Ice Borg”, frio, controlado, cheio de manias, que veio de uma família simples de classe média e teve que batalhar muito para ser recebido no exclusivo mundo do tênis. Do outro lado está “Superbrat”, um moleque desbocado e brigão, herdeiro de uma família rica, com uma mãe exigente que preferia ver o filho, na infância um prodígio na matemática, estudando. Uma curiosidade: em um dado momento, o jovem Borg é vivido pelo filho de Borg, que hoje tem 61 anos e aprovou o filme. Já McEnroe manteve a fama de encrenqueiro e desdenhou a produção e, principalmente, o fato de ter sido interpretado por Shia LaBeouf.
O filme conta ainda com a presença marcante do premiado ator sueco Stellan Skarsgard na pele do técnico de Borg, Lennart Bergelin, que morreu em 2008. Bergelin praticamente “descobriu” Borg e ficou ao seu lado de 1974 e 1981. Foi ele quem aconselhou o garoto, até então explosivo, a esconder suas emoções. E deu no que deu.
A partida recriada no filme é considerada uma das mais perfeitas do tênis. Naquele dia, McEnroe salvou cinco match points, em vão. No mesmo ano, o norte-americano bateria Borg na final do U.S. Open, e o resultado do encontro dos dois em Wimbledon na próxima temporada seria bem diferente. Borg e McEnroe se enfrentaram oficialmente 14 vezes, com sete vitórias para cada um. O sueco encerrou a carreira aos 26 anos, após ganhar 56 torneios. O norte-americano jogou até 1992 e conquistou 77 títulos de simples e 78 de duplas. Tornaram-se amigos e até hoje se encontram em quadra, em jogos promocionais.
Trailer