Uma baiana de 18 anos resolveu ceder à insistência dos pais e dos seis irmãos mais velhos para disputar o concurso de Miss Bahia em 1954. Então achou que tinha que pensar melhor no assunto – esta era uma pessoa. Achou depois que queria pegar onda na praia – esta era outra pessoa. Não fez nada e esperou o tempo passar.
Quando o prazo estava para terminar, resolveu correr e ir à luta. Não poderia deixar que a oportunidade passasse por debaixo das pernas. E fez a inscrição. Em seguida ganhou o Miss Bahia e o Miss Brasil e aguardou por muito tempo uma carta para o Miss Universo que só sonecava.
O tempo voou e ela já estava sonhando com outras viagens, desde que não se tocasse mais naquela história de miss. Foi quando uma carta aterrissou em sua casa. Olhou a carta. Endereçada: Martha Rocha. “Martha sou eu, gritou”. Abriu a carta. O texto dizia que iria concorrer ao concurso de Miss Universo. Foi a glória para jovem baiana. Seria a primeira vez em que o Brasil participava.
Chorou baixinho. Enxugou as lágrimas. A baiana teria agora a oportunidade de perambular pelos Estados Unidos como primeira representante do país a concorrer no concurso.
Era um orgulho para a irmã caçula da família e um tremor nas pernas que fazia com que não conseguisse escapar da cadeira.
Mas foi embora. Participaria da terceira edição do concurso de Miss Universo, que ocorreu em 24 de julho de 1954, no Long Beach Municipal Auditorium, em Long Beach, Califórnia, Estados Unidos. A água começava a ferver.
Candidatas de 33 países e territórios competiram ao título. Era muita gente. Depois das primeiras exibições, diziam nos bastidores que Marta Rocha teria como principal adversária a americana Miriam Stevenson. E foi isso mesmo que aconteceu.
No final, a baiana teria perdido a coroa por causa de duas polegadas a mais nos quadris, acima das medidas exatas requeridas na época. Ou seja, o poblema foi no tamanho da bunda.
A verdade é que já no desfile em carro aberto pelas ruas de Long Beach e na bolsa de apostas, a brasileira era tida como a candidata preferida. Quando a americana foi declarada vencedora, os próprios americanos vaiaram a escolha.
No final, Martha Rocha caminhou sozinha nos arredores de Long Beach. E sorria muito. Tinha terminado tudo. Estava feliz da vida.