No começo desconfiaram do sossego. Foram chegando de mansinho. E descobriram que haviam viveiros em todos os cantos, com sementes e frutas. Acharam amigável. Lamberam os bicos. E perceberam que um ser humano estava também por ali. Era o Reginaldo, um grandalhão, um sujeito que só queria ver umas asas na casa.
Quando os pássaros iam chegando pareciam um pouco as andorinhas que um dia bailaram sobre o céu de Campinas e lhe deram o nome – Cidade das Andorinhas. Mas os pássaros, que eu saiba, nunca souberam dessa história.
Foram estudando a casa e o grandalhão. Para quem seriam as coisas dos viveiros? Não seriam para o Reginaldo, lógico. No primeiro dia, só investigaram o ambiente. Nada de meter o bico em nada. Por enquanto.
Assim, os pássaros foram chegando. Quer dizer, os pardais eram os mais numerosos, mas não eram os únicos pássaros que se engraçaram com o lugar. Com o tempo, eles notaram que aquela área ficava escancarada, noite e dia. Será que se transformara no seu reino? Assim como viram no desenho da tevê?
Os pássaros descobriram, com o tempo, que a casa descoberta era seu lugar preferido. Ali tinha comida disponível por todos os cantos. E, se por acaso, alguns deles soubesse ler, existiam livros aos montes naquele que seria seu reino. Agora, voar seria só para divertimento.
Quem assistiu ao filme “Os pássaros”, de Alfred Hitchcock, pensaria que os pássaros resolveram imitar o filme e atacaram vidraças das casas. Mas os pequenos bichinhos estavam pouco ligando para a fita. Eles estavam só usufruindo da nova moradia. Afinal, acho, que tudo é uma questão de generosidade. Apenas isso.
Agora é o Reginaldo quem fala: “Com os pássaros, recuperei o gosto de cantar. Recentemente, ouvindo no carro a canção de Roberto Carlos, aquela que diz: ‘De baixo dos caracóis dos seus cabelos/ uma história pra contar de um mundo tão distante”…Quase todos os brasileiros conhecem.
E lembrei-me de outra, de outra, de outra, de outra…
Tornei-me assim um cantor. Um cantor de alta qualidade. Que cara bom!
Tudo me pareceu um pouco lindo e um pouco esquisito. Será que a vida também é assim? Sei lá!!!
Obrigado. Sei que a resposta demorou a aparecer. Mas da próxima vez será mais rápida. Abraço.