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Crédito: Kasia/creativecommons.org

Os filhos do mofo

Eu não saberia dizer porque gostava dele, a ponto de arriscar minha vida pra salvar a dele. Apesar da fuga desesperada pelas vielas pútridas da cidade escura, o enigma subia aos ares desesperançados e se condensava feito uma nuvem densa trovejante de não respostas. Aliás, nem saberia dizer porque o trato de “ele”: só uma precária extrapolação com base na avaliação do visual desagradável do corpo desengonçado, tão magro que deixava que algo semelhante a ossos dançasse sinistra e translucidamente sob a pele doentiamente azulada, me animava a pensar que seria masculino. O mais provável é que fosse assexuado ou hermafrodita ou o que quer que fosse. Mais provável, mesmo, dado a forma do seu nascimento, do qual fui testemunha. “Ele” era um legítimo “filho do mofo azul”, aquela estranha manifestação que dera pra infestar cada centímetro quadrado de concreto …

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"É Apenas o Fim do Mundo”, novo filme do franco-canadense Xavier Dolan, recebeu o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes 2016

“É Apenas o Fim do Mundo” olha de perto a infelicidade em família

“Todas as famílias felizes se parecem; as infelizes são infelizes cada uma a sua maneira”, começa “Anna Karenina”. Saio da sessão de “É Apenas o Fim do Mundo” (Juste le fin du monde), novo filme do cineasta do momento, o franco-canadense Xavier Dolan, com a brilhante frase de Tolstoi me acompanhando. O filme, que recebeu o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes 2016, olha bem de perto um reencontro familiar. E sobra infelicidade. A câmera é muito aproximada, vê-se os poros nos rostos do atores, e são os olhares, as caras e bocas de Louis, interpretado por Gaspad Ulliel, que comandam as cenas. O protagonista é um escritor de sucesso que retorna para um almoço com a família, que não visita há 12 anos. “Não é o fim do mundo”, tenta se convencer. O filme é contado nas …

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cacalo-dorminhoco

Psiu! Fala baixo

Durante certo tempo, foi jogador de futebol. Ele imaginava muitos aplausos da galera. Sonhava na verdade que os gritos explodiriam em um Maracanã lotado. Mas quando percebeu, depois de uma boa jogada em um campo de várzea, que o silêncio invadira o gramado, refletiu: sua carreira chegara ao fim. E agora? Depois de uma semana dormindo, acordou com os olhos cheios de ramela e o violão nas mãos. Começou a dedilhar. Gostou. Que som bom! Será que foi a semana de dormideira? Voltou a tocar, a tocar, a tocar, a tocar. Parecia que nunca mais terminaria aquilo. Seria agora um violonista de sucesso. Sua nova carreira começou quietinha. Como acontecia com muita gente. Começou em bares pequenos. Mas era só o início. Que o futuro o aguardasse. O futuro seria legal. Ah, como Londres era bela! E Amsterdã, então! E …

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Treta com as minhas rugas

  Tinha acabado a sempre enfadonha tarefa de me barbear pra mais um dia de batente quando, sei lá porque, cedi à compulsão — dispensável havia muito — de encarar mais demoradamente o reflexo da minha fuça no espelho. Confesso que fiquei impressionado pela assinatura intensa das rugas… Sabe o que foi estranho, mesmo? A ruga mais pronunciada sob o olho esquerdo — sou canhoto, a quem possa interessar — começou a tremelicar e, como num desenho animado importado magicamente de O mundo louco de Tex Avery, se transmutou numa boquinha freneticamente tagarela: — Qualé, seis-ponto-zero, vai dar pra nos estranhar agora? Conforme-se, velhote! Assim que me desengasguei de um restinho de espuma pra barbear que havia engolido de puro susto, tratei de conferir as informações no rótulo do tubo: não, até onde iam minhas parcas memórias de química elementar, …

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"Pequeno Segredo” representará o Brasil no Oscar e estreia aqui no dia 10/11; antes de chegar aos cinemas, já provocou polêmica

“Pequeno Segredo”, filme que vai representar o Brasil no Oscar, é de chorar

Muitos acompanharam as aventuras da pequena Kat por mares nunca antes navegados durante muitos domingos no “Fantástico” no início dos anos 2000. A caçula da família Schurmann vivia com desenvoltura sua primeira infância em meio a cenários paradisíacos, desfrutando das belezas e das surpresas dos oceanos mundo afora. Algum tempo depois, já longe da TV, em 2006, veio a notícia: a garota havia morrido, aos 14 anos. O que teria acontecido? Heloísa, a matriarca da família Schurmann, que tanto nos ensinou sobre a doçura da vida no mar, levou seis anos para revelar que Kat, que havia sido adotada, tinha HIV. No best-seller “Pequeno segredo: A lição de vida de Kat para a família Schurmann”, a mãe registrou, com amor e dor, uma história que daria um filme. E deu. David, um dos filhos da família Schurmann, resolveu levar o …

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