Monthly Archives: março 2016

"A verdade é que a violência deixa a gente doente", frase de mulher vítima de agressão doméstica atendida no ReCriando, onde ela conseguiu contar sua história       Foto: Adriano Rosa

As mulheres que contam suas histórias são mais fortes

Quando eu cheguei ao casarão antigo no Centro de Campinas, onde o SOS Ação Mulher e Família ocupava algumas salas, parecia que eu havia chegado ao local errado. Além da tranquilidade e silêncio que eu não esperava, na primeira recepção a moça não sabia de nenhum agendamento de entrevista, e também achava que a pessoa que eu procurava não estava mais lá. Era primavera de 2015, havia sol e brisa, e eu conversava amenidades com o fotógrafo Adriano Rosa. Continuamos descontraídos e aguardamos sem pressa enquanto tomamos café. Eu não poderia suspeitar que, minutos depois, quatro mulheres que eu conheceria …

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O Desejo de Eva

Uma árvore, um fruto vermelho e o desejo. Era isso que estava diante de mim, lá pelos anos de 1972, quando eu tinha meus 4 ou 5 aninhos. Mas só nestes três elementos se assemelhava à clássica visão do Paraíso, porque eu não estava acompanhada de Adão, nem pelada e tampouco era uma maçã. O principal ponto em comum era o desejo, o mesmo cerceado da mulher nas narrativas da criação e que, neste início do século 21, ainda precisa ser protestado pela mulher que clama por seu direito ao desejo de viver com prazer, e poder falar, decidir, amar, …

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"A persistência da memória", do surrealista espanhol Salvador Dalí (1931), no acervo do Museu de Arte Moderna (Moma) de Nova Iorque

Take your time

No português, a expressão ‘Take your time’ é o equivalente a “Não tenha pressa” ou “Faça no seu tempo”. Mas eu gosto mesmo do que poderia ser a tradução literal: Pegue o seu tempo. A materialização disso me faz viajar. Como fazer a representação destas palavras? Pegar o tempo com as mãos é fisicamente impossível. Mas pegar o tempo é, efetivamente, pegar a vida. Tempo é vida. E quem pega a sua própria vida? Não estamos nós sempre a correr no tempo que nos impõem e nos cobram? O rush, a pressa, o ‘time’. É o ritmo de uma sociedade …

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Litoral do Recife  Foto: Adriano Rosa

O meu lugar

Caminho pelo Centro de Campinas nas calçadas de pedras portuguesas, desviando de um buraco ou um desnível, e volto às mesmas pedras descoladas das calçadas do Recife, de mãos dadas com minha mãe, apressada, a percorrer lojas enormes sob as galerias dos prédios antigos com seus pés direitos altos. Sinto-me em casa. Sinto que pertenço a esse lugar. Não sou estrangeira. Não sou estranha. E quando me perguntam “De onde você é?”, preciso elaborar a resposta que me parece simples demais se eu apenas disser que nasci e cresci no Recife, porque carrego em mim o maracatu, o frevo, o …

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