As plantas falam. Pode parecer ficção científica ou exagero de minha parte, mas a ciência já tem provado há anos que plantas se comunicam entre si e com outros organismos ao seu redor, como insetos e fungos. Até mesmo aquela samambaia pendurada na varanda da casa de sua tia tem voz. É simples de se “ouvir” o que elas falam, basta ir a um bosque ou a um jardim e respirar profundamente. O cheiro que você irá sentir ali são as palavras. Esse cheiro produzido por elas, como de eucalipto, laranja, folhas verdes, grama cortada, é chamado de compostos orgânicos voláteis, e as plantas produzem milhares deles, e juntos eles se misturam para formar as frases e as sentenças que elas precisam para enviar recados e serem entendidas. Essas “palavras” têm muitas funções, uma delas para avisar às outras plantas …
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As notícias chegam pelos ares
No começo desconfiaram do sossego. Foram chegando de mansinho. E descobriram que haviam viveiros em todos os cantos, com sementes e frutas. Acharam amigável. Lamberam os bicos. E perceberam que um ser humano estava também por ali. Era o Reginaldo, um grandalhão, um sujeito que só queria ver umas asas na casa. Quando os pássaros iam chegando pareciam um pouco as andorinhas que um dia bailaram sobre o céu de Campinas e lhe deram o nome – Cidade das Andorinhas. Mas os pássaros, que eu saiba, nunca souberam dessa história. Foram estudando a casa e o grandalhão. Para quem seriam as coisas dos viveiros? Não seriam para o Reginaldo, lógico. No primeiro dia, só investigaram o ambiente. Nada de meter o bico em nada. Por enquanto. Assim, os pássaros foram chegando. Quer dizer, os pardais eram os mais numerosos, mas …
Leia Mais »A paranoia da violência no Rio de Janeiro escancarada em “Praça Paris”
Durante minha temporada no Rio de Janeiro, entre 2016 e 2017, só vi a Praça Paris de uma distância “segura”. Até planejei visitar aquela relíquia do final da Belle Epoque carioca, uma praça no bairro da Glória construída aos moldes das praças parisienses, com grandes gramados, lago, chafariz e canteiros em composição simétrica que tanto encantou os visitantes da Cidade Maravilhosa desde sua inauguração, em 1929. Mas nas duas ocasiões em que me atrevi a passear pelo local fui dominada pelo medo diante de tantos relatos de assaltos e outras violências. Pois dias atrás, em uma curta viagem ao Rio, a Praça Paris voltou a chamar minha atenção, já que é ela quem batiza o novo filme da cineasta carioca Lúcia Murat. “Praça Paris”, não por acaso, é um filme cujo tema é a paranoia da violência que nos atormenta, …
Leia Mais »Uma pequena crise gigantesca
PR-0 nunca imaginou que chegaria a amaldiçoar a inteligência artificial, justamente o que garantiu a rápida evolução de sua espécie. O problema é que diversos membros da comunidade andavam mergulhados num caos sócio-político, favorecido pela segregação geográfica, e fazendo merda grossa. E, como sacou, um dia, um humano idiota qualquer, sem estabilidade, nenhum reino prospera. * * * Quando sua equipe conseguiu os avanços mais promissores, no finalzinho dos anos 90 do século passado, um dos cientistas envolvidos no projeto não conseguiu se livrar da memória nostálgica: aquele filme clássico de 1966, Viagem Fantástica, que narra a epopeia de um grupo de médicos miniaturizados percorrendo vasos sanguíneos para fazer operações salvadoras no cérebro de pacientes. Muita água rolou desde então; e se não havia sido possível, ainda, miniaturizar pessoas, as pílulas robóticas já estavam fazendo maravilhas em campos da medicina, …
Leia Mais »“O Mestre dos Gênios” revela o grande editor dos grandes autores
No mundo dos livros que ficam para a eternidade, um nome se destaca na cena norte-americana: Max Perkins (1884-1947), editor e descobridor de escritores como F. Scott Fitzgerald e Ernest Hemingway. Não devia ser nada fácil chegar para um deles com seus manuscritos e mandar cortar parágrafos, sequências inteiras, personagens… ou até mesmo mudar o nome de um livro (!). Mas Perkins era implacável. Um relacionamento em especial chama atenção em sua história, contada na biografia “Um Editor de Gênios” (Genius, no original), de A. Scott Berg; foi com Thomas Wolfe (1900-1938), um autor (não confundir com Tom Wolfe, de “A Fogueira das Vaidades”) que apesar de pouco conhecido no Brasil, influenciou toda uma geração com sua escrita rápida, ágil e nervosa que daria, décadas depois, forma ao movimento beat, que Perkins enfrentou um de seus maiores desafios. E um …
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