Desinfectório Municipal, estruturado nos últimos anos do século 19, como uma das medidas de combate à febre amarela em Campinas, que teve seu maior surto em 1889. O Desinfectório foi construído ao lado da atual Praça Carlos Gomes, onde agora funciona a Escola Carlos Gomes. Ao fundo, na foto, as palmeiras imperiais então em crescimento. (Foto Acervo MIS-Campinas)
Desinfectório Municipal, estruturado nos últimos anos do século 19, como uma das medidas de combate à febre amarela em Campinas, que teve seu maior surto em 1889. O Desinfectório foi construído ao lado da atual Praça Carlos Gomes, onde agora funciona a Escola Carlos Gomes. Ao fundo, na foto, as palmeiras imperiais então em crescimento. (Foto Acervo MIS-Campinas)

A destruição das florestas como fonte de epidemias no meu livro número 11

“Campinas do Matto Grosso – Da Febre Amarela à Cólera dos Rios”, publicado em 1997, é o meu livro de número 11. Nele, faço um resgate da história ambiental de Campinas, à luz dos grandes temas ecológicos emergentes. A luta contra a poluição das águas, do ar, a sempre desafiadora questão do resíduos e a reação da sociedade, geralmente com a fundamental participação dos cientistas.

A referência à febre amarela é inevitável, por ter sido a epidemia uma grande tragédia para a cidade e que comoveu o Brasil – jornais do Rio de Janeiro, então capital brasileira, promoveram campanha pelas vítimas da doença em Campinas, daí a Praça Imprensa Fluminense, nome oficial da praça do Centro de Convivência Cultural.

Capa do meu livro "Campinas do Matto Grosso - Da febre amarela à cólera dos rios", de 1997, no qual relembrava o episódio da febre amarela no final do século 19 como um evento que não deveria ser nunca esquecido pela população e os gestores públicos. No livro, eu alertava: "Reconhecer que, de certo modo, Campinas foi cenário de um dos maiores crimes ambientais e sociais em território brasileiro - a devastação de seus recursos naturais, principalmente suas matas, aliada à utilização da mão-de-obra escrava - é talvez prevenir que um novo caos aconteça. Assim, de mãos dadas, o século 21 talvez possa ser um pouco mais humano e de terna reverência com a natureza, a m~e comum de todos". Faz duas décadas e o panorama só se agravou.
Capa do meu livro “Campinas do Matto Grosso – Da febre amarela à cólera dos rios”, de 1997, no qual relembrava o episódio da febre amarela no final do século 19 como um evento que não deveria ser nunca esquecido pela população e os gestores públicos. No livro, eu alertava: “Reconhecer que, de certo modo, Campinas foi cenário de um dos maiores crimes ambientais e sociais em território brasileiro – a devastação de seus recursos naturais, principalmente suas matas, aliada à utilização da mão-de-obra escrava – é talvez prevenir que um novo caos aconteça. Assim, de mãos dadas, o século 21 talvez possa ser um pouco mais humano e de terna reverência com a natureza, a m~e comum de todos”. Faz duas décadas e o panorama só se agravou.

Neste parágrafo, um resumo das origens daquela catástrofe: “As florestas tropicais, assinalam esses especialistas, são habitat original de diversas formas de vida desconhecidas para o ser humano. Quando ocorre a aproximação dessas forma de vida dos humanos, em função da devastação ambiental e da destruição de seu habitat, esses seres desconhecidos procuram outros hospedeiros – os macacos no caso do Ebola, e daí para os humanos que têm contato com os primatas, em uma longa cadeia de horror”. Infelizmente a destruição das matas continuou em escala mundial e, tudo indica, o mesmo processo pode estar na origem da pandemia de Covid-19.

“Campinas do Matto Grosso” tem o prefácio de Paulo Affonso Leme Machado, um dos maiores nomes mundiais do Direito Ambiental, com quem aprendi muito quando ainda era estudante e foca no jornalismo na primeira metade da década de 1980 em Piracicaba, onde ele era promotor público. Uma honra!

Sobre José Pedro Soares Martins

Mineiro nascido com gosto de café e pão de queijo, ama escrever pois lhe encantam os labirintos, os segredos e o fascínio da vida traduzidos em letras.

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