Não faltarão, nas análises sobre a biografia de Alberto Dines, falecido nesta terça-feira, 22 de maio, expressões tipo “com ele, morre uma era do jornalismo brasileiro”. É a pura verdade, mas Dines significa mais do que o jornalismo dito romântico, aquele da reportagem, da apuração detalhada dos fatos. O jornalismo que continua muito válido e essencial, em plena era das fake news.
Uma das principais contribuições de Dines é sua preocupação permanente com a avaliação crítica da própria imprensa. Foi assim com o Jornal dos Jornais, de 1975, e o Jornal da Cesta, de 1977, e continuou com o Observatório da Imprensa, de 1997 até hoje.
A imprensa brasileira repele a autocrítica. Muitas vezes é arrogante, acha que sabe tudo. Não erra.
Essa postura deriva das lacunas na cultura política do país. Falta a cidadania plena. Mas a imprensa deveria ser a primeira a defender a autocrítica.
As redes sociais apontam para prováveis mudanças nesse panorama. Dines abriu o caminho. Vamos continuar e honrar o seu legado.