Cultura

Projetores como esse Pathé levaram a magia do cinema a milhões (Foto Adriano Rosa)

O Bebe sentou e tirou o chapéu, começa mais uma sessão no Cine Eden

Ele tinha seu lugar de honra. Na primeira fila, a primeira cadeira à direita do corredor central. Em toda a sessão, Bebe sentava ali, tirava o chapéu e o colocava no colo. O ritual era a senha para começar mais uma exibição naquele que seria um de meus pedaços do paraíso, chamado exatamente Cine Eden. Bebe, soube depois, morreria com mais de 100 anos. Mas em minha memória ele permanece ali, quietinho, extasiado, desde o momento em que o projetor era acionado e todos éramos sugados pela tela. E quantos como eu, moradores em pequenas ou médias cidades do interior, não passaram por essa liturgia, por esse portal para o além do horizonte que eram os cinemas locais, com seus …

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Itamogi: rumo à pequena utopia

O menino na noite dos vaga-lumes

Diz-se que uma das maiores tragédias dos tempos atuais é a ruína das grandes utopias. A humanidade, ou melhor dizendo a soma das civilizações humanas, sempre se nutriu de narrativas utópicas que lhe deram sentido e esperança. Pois agora estaríamos, segundo os mais céticos, presenciando o caos, a ruptura dos projetos utópicos, o que significa, no frigir dos ovos (seja lá o que frigir dos ovos signifique), estamos ferrados, não podemos e nem devemos acreditar em mais nada. Sobrariam as pequenas utopias, e me alimentei de uma delas há alguns dias, na minha querida Itamogi. Sim, restariam as utopias menores, aqueles sonhos mais modestos, que podemos cultivar naquele recanto mais íntimo que apenas nós, cada um, conhecemos. Um lugar imaculado, …

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