Não, eu não sou mãe especial. Nem minha filha é especial. Ela tem síndrome de Down. Isso não tem nada de especial. Tem a ver, sim, com diferença. Com percepção e vivência da diferença no cotidiano. Com percepção e aceitação do outro. Tem a ver com a possiblidade de enxergar a vida com olhos fora do padrão. E relaxar nessa experiência que, assim, se torna natural.
É a essa dimensão que me remete o primeiro episódio da web-serie “Geração 21”, de Alex Duarte, que conta a história da Thathi Piancastelli, uma jovem atriz que tem síndrome de Down e que ganhou fama por conta da peça de teatro profissional que escreveu e na qual atua ao lado de dez artistas em Nova York.
Certamente, a história de Tathi inspira a todos nós, mães, pais, avós, tios, amigos de crianças com síndrome de Down. Mas não porque ela seja especial, diferenciada, pelo modelo que ela possa representar – o que até seria esperado, afinal, Tathi é uma vitoriosa.
Sua história me inspira por conta daquilo que relatam as pessoas que convivem com ela. E que, afortunadamente, eu experimento no dia-a-dia na convivência com minha Zoë: presença, inteireza, abertura para a vida e para o outro. E isso não tem nada de especial.
Afinal, como diz Debora Balardin, diretora de teatro que montou a peça, a inclusão não diz respeito à inclusão da Thathi, e sim à inclusão de todos, à inclusão total, na qual cada um expressa e vivencia aquilo que é e pode dar de melhor.
Não há vitória a ser conquistada, nem desafio a ser superado. Apenas vida a ser vivida.
Link para o Episódio 1 da web-série “Cromossomo 21”
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