É com grande satisfação que faço passar ao conhecimento dos leitores do nosso Blog a 4º edição do Fórum Internacional do Patrimônio Arquitetônico Portugal/Brasil, que acontecerá entre os dias 25 e 26 de maio próximo em Portugal na cidade de Felgueiras.
O Fórum é realizado anualmente intercalando as discussões entre os dois países, cada ano em um país. É uma oportunidade de debate bilateral dirigido aos técnicos, comunidade científica, empresas, agentes culturais, Câmaras Municipais, instituições ligadas à preservação e manutenção do patrimônio e a todos os interessados por este tema.
Sua primeira edição se deu em Campinas (SP) em 2014, quando foi firmado um convênio de cooperação entre a PUC-Campinas, o IAB Campinas e a Universidade de Aveiro – Portugal, sendo promovido pelo CAU-SP (Conselho de Arquitetura e Urbanismo de São Paulo).
Um sonho idealizado entre a arquiteta Dra. Alice Tavares e o arquiteto Dr. Anibal Costa (ambos da Universidade de Aveiro e Porto), juntamente com essa arquiteta (que vos fala).
Quando idealizamos a criação desse Fórum nos preocupamos em atender seu principal objetivo que é – e sempre deverá ser – o de se fazer a ligação à sociedade, aos políticos e gestores, a quem constrói e projeta na prática.
O Patrimônio Arquitetônico merece uma discussão aberta e participativa com esses atores: o momento é sempre o agora para se proteger nosso patrimônio e resgatar nossa história. O importante é conseguirmos mobilizar o maior número possível de pessoas interessadas em discutir, proteger, promover e conservar.
Sabemos que não basta apenas inventariar e classificar o bem cultural, mas geri-lo para que se conserve e preserve sua importância para as gerações futuras.
Procurar também sempre dar andamento nas estratégias de preservação e conservação, pois vemos muitas vezes exemplares magníficos serem descartados – isso já aconteceu em nossa cidade, e continua acontecendo.
Precisamos sensibilizar população, conselhos e órgãos de preservação para, sempre que possível, priorizarem o conjunto ou o sítio onde está inserido o bem classificado. pois em muitos casos nos deparamos com a eleição de apenas alguns exemplares “significativos” para ficarem como depoimento da história a ser preservada, em detrimentos dos demais, o que ocorre, muitas vezes, dentro de um processo de estudo de tombamento em andamento.
É necessário ampliar e atualizar sempre as discussões para que o bem elencado como patrimônio cultural seja considerado por sua ampla riqueza de saberes e vivências caracterizadas pelas diversas camadas (layers) deixadas pelas marcas do tempo, não importando se esse bem é uma arquitetura singela ou monumental, e sim, principalmente, que ele seja/se torne reconhecido e aceito pela população.
Essas discussões são importantíssimas especialmente no caso brasileiro, que possui uma diversidade e riqueza ímpar devido à nossa extensão territorial.
Nossa diversidade cultural exige de todos nós um olhar atento à peculiaridade de cada região a ser protegida, uma vez que são culturas e saberes diferentes que não se podem perder no tempo.
Precisamos entender e alargar o conceito de preservação para toda a riqueza existente, formada por todas as comunidades atuantes – e mesmo esquecidas, mas existentes – em nosso planeta, independente de sua condição “rica” ou “pobre”, pois a riqueza é intrínseca ao conhecimento e saber deixado através de sua ancestralidade.
A dinâmica do Fórum é trazer as discussões para a sociedade e, juntos, encontrarmos caminhos que se traduzam em soluções práticas e concretas, ações de como e o que se deve preservar.
Cabe a nós, enquanto cidadãos preocupados com nossa cidade e nossa comunidade, defender e se apropriar de nossa herança cultural traduzida pelo seu patrimônio cultural em seu mais amplo sentido: ambiental, paisagístico, arqueológico, arquitetônico, histórico.
No caso de Campinas devemos ficar alertas para nosso rico patrimônio rural, que rapidamente vem desaparecendo, juntamente com nosso patrimônio ambiental e nosso patrimônio urbano – este último, que se desvanece em meio às demolições constantes e, enfim, à falta de sensibilidade.
Os instrumentos de proteção existem e estão definidos pelo IPHAN – Constituição de 1988, Estatuto das Cidades.
Existem leis de incentivo e programas de apoio à preservação com recursos financeiros e técnicos que devem ser acionados tanto a nível municipal, como estadual e federal, para conseguirmos colocar em prática as necessidades de salvaguarda necessárias.
Trabalhar as parcerias Público-Privado, por fim, viabiliza a consolidação de projetos de restauro, conservação e reabilitação de áreas degradadas, históricas e ambientais.
Uma iniciativa que tem que ser perenizada. Uma rara oportunidade de aprofundar no pensamento que viabilizou a instalação da nossa cultura. Eu, particularmente, desejo conhecer o que foi desenvolvido pela Escola de Sagres neste aspecto da transposição da cultura portuguêsa mundo afora. O que foi feito para definir os programas de criação das novas cidades além mar.