SÉRIE 8° FÓRUM MUNDIAL DA ÁGUA – II
O professor Antônio Carlos Zuffo, do Departamento de Recursos Hídricos da Faculdade de Engenharia Civil da Unicamp, é uma das principais referências no tema “água” na região de Campinas. Ele foi muito ativo durante a crise hídrica de 2014-2015. Participou de muitos eventos, foi convidado a apresentar suas posições e propostas para a segurança hídrica nas bacias dos rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ). Pois o professor Zuffo simplesmente não foi convidado a participar do 8° Fórum Mundial da Água, que está acontecendo nesta semana em Brasília. A região de Campinas está representada no Fórum basicamente por membros de organizações oficiais, mas sem a presença de muitos profissionais com posições mais críticas embora de longa trajetória e contribuição no tema, inclusive com dezenas de livros publicados.
O especialista da Unicamp demonstra muita preocupação com a situação dos recursos hídricos nas bacias PCJ. Ele nota que houve maior liberação de água do Sistema Cantareira para a região nos últimos meses, marcados por registros de chuvas bem abaixo da média histórica. Entretanto, entende que o mesmo pode não acontecer no Verão de 2018-2019, pós período eleitoral, se novamente houver menor volume de chuvas. “Aí já passaram as eleições, teremos outro quadro, e sabemos que os próprios governos às vezes não obedecem a legislação”, comenta.
Para que haja segurança hídrica na região de Campinas e Piracicaba, situada nas bacias PCJ, o professor Zuffo considera que a construção das barragens de Pedreira (rio Jaguari) e Duas Pontes (rio Camanducaia) é estratégica e essencial. Do mesmo modo, lembra porém que as barragens são obras que podem demorar anos e dependem de dotação orçamentária, eventualmente sujeita a cortes.
Cortes que o próprio professor da FEC-Unicamp conhece muito bem. Ele estava coordenando um longo projeto com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), denominado Bacias Representativas de Usos Mistos. O projeto foi encerrado em 2017, embora não tenha sido concluído em sua integralidade em função do contingenciamento de recursos em Ciência e Tecnologia por parte do governo federal.
O professor Zuffo considera que o fato de não ter sido convidado para o 8° Fórum Mundial da Água é uma decorrência natural. “É natural que quando você tenha posições contrárias a alguns interesses, esses interesses farão de tudo para não de dar espaço. É de se esperar no Brasil”.
Enfim, o 8° Fórum Mundial da Água não terá a participação de muitos estudiosos que poderiam tornar o evento de fato histórico. A Agência Social de Notícias publicou muitos artigos e reportagens, durante a crise hídrica de 2014-2015, tendo o professor Antônio Carlos Zuffo como uma das fontes principais (aqui).