Não, eu não sou mãe especial. Nem minha filha é especial. Ela tem síndrome de Down. Isso não tem nada de especial. Tem a ver, sim, com diferença. Com percepção e vivência da diferença no cotidiano. Com percepção e aceitação do outro. Tem a ver com a possiblidade de enxergar a vida com olhos fora do padrão. E relaxar nessa experiência que, assim, se torna natural. É a essa dimensão que me remete o primeiro episódio da web-serie “Geração 21”, de Alex Duarte, que conta a história da Thathi Piancastelli, uma jovem atriz que tem síndrome de Down e que ganhou fama por conta da peça de teatro profissional que escreveu e na qual atua ao lado de dez artistas em Nova York. Certamente, a história de Tathi inspira a todos nós, mães, pais, avós, tios, amigos de crianças com …
Leia Mais »Marta Avancini
A deficiência e suas redes de solidariedade
Duda é um dos 1,2 mil bebês que nasceram com microcefalia no Brasil desde outubro de 2015. Filha de pai alcoólatra e mãe com “distúrbio mental”, considerados incapazes de cuidar da recém-nascida, Duda passou a ter três mães: três mulheres que, tomando conhecimento da situação, assumiram os cuidados da menina. A história de Duda, relatada num vídeo do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) que está rodando o mundo via internet, me remeteu a uma das experiências mais gratificantes desde que tive uma filha com síndrome de Down: a vivência, no cotidiano, da solidariedade. A solidariedade não se resume ao ato em si das mulheres, ou seja, assumir Duda como filha. Expressa-se também nos laços e relacionamentos que se tecem em torno e a partir de Duda, replicando uma história recorrente quando um bebê nasce com alguma deficiência. …
Leia Mais »Inclusão, uma questão de humanidade
Perdi minha carteira de motorista e tive de ir às pressas ao Poupatempo do Campinas Shopping para resolver a situação. Segunda-feira de manhã, uma semana inteira pela frente… Era preciso resolver com urgência! Entregues os documentos no guichê de atendimento do Detran, saí para dar uma volta e tomar um café, enquanto aguardava a liberação da carteira de motorista. Entro numa loja de roupas para passar o tempo e ouço: “Bem-vinda! Você conhece a nossa loja? Já tem nosso cartão?”. Olho à direita e enxergo um rapaz, um jovem com síndrome de Down, na recepção da loja. Uma alegria aquece o peito e um sorriso de esperança brota nos lábios. Sim, cada vez que vejo uma pessoa com Down trabalhando, ativa e, sobretudo, à vontade, me desperta uma esperança de que com minha filha de 9 anos, que também tem …
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