No velado rastro do caminho, que não mais queria fazer de volta pra casa, sua história havia se alojado. Carregava datas sem cronologia, apagava e escrevia poema alheio, colava pedaço do outro, colecionava palavra de morto, acreditava numa linha anônima. Neste ensaio do vazio de si, a história deslocada perambulava como insone a procura da adormecida. E ela raspava, como se eliminando o excesso, o singular apareceria. A insistente história retomava sua narrativa no intervalo dos dias. E ela via, de olhos fechados, uma página na paisagem, linhas mais largas do que o escrito. Alguém lia um livro sem pontuação e ela escutava sem olhos. Muitas estavam ali e ela em todas, mas estava sem a cabeça, era um vestido. Viu também uma porta semiaberta e se encostou pronta com passos firmes. No ombro, um corpo, no braço uma sombra, era só desatar o fossilizado laço de suas certezas. Recebeu em seu ventre, sem rodeios, uma taça e um poema e isso não era noturno. O beijo virou sopro, o divã uma perna. Duas vivas, lado a lado. Era tanto o quando, quanto o tanto. Um inventário saía da saia. A história atrevida se alastrava, levando-a a cada parágrafo a uma nova frase na qual ela se deixava habitar. Entre corte e reparo, reinventou a história e seu nome e sobrenome se escreviam em páginas escritas.
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