“A Criada”, do cineasta sul-coreano Park Chang-Wook, já levou mais de 40 prêmios por onde passou
“A Criada”, do cineasta sul-coreano Park Chang-Wook, já levou mais de 40 prêmios por onde passou

“A Criada”, um dos melhores fimes da temporada, é sobre o poder das mulheres

DaniPrandi_0188c_500O ano mal começou e um filme já está entre os fortes concorrentes aos melhores títulos que entraram em cartaz em 2017. Em tempos de “empoderamento feminino”, “A Criada”, do cineasta sul-coreano Park Chang-Wook, é drama, é suspense, é romance, é sexy, conta com uma reviravolta fenomenal e tem deixado os espectadores surpresos e saciados após 2h25min, em uma história em três atos que exala o poder das mulheres. Até agora já levou mais de 40 prêmios por onde passou e será difícil superar ou até mesmo igualar sua soberania nas listas dos “the best”.

O cineasta Chang-Wook comprova sua evolução depois da chamada “trilogia da vingança”, composta por Mr. Vingança” (2002); “Oldboy” (2003) e “Lady Vingança” (2005). Não que “A Criada” não retorne ao tema, mas, desta vez, há um roteiro bem mais intrincado, que envolve trapaças e trapaceiros de maior ou menor escalão. A história toma como base, curiosamente, um romance inglês, “Fingersmith” (“Na Ponta dos Dedos”), de Sarah Waters.

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Contado em três atos, “A Criada” exala o poder das mulheres: drama, suspense, sexo e romance

Transportada para a Coreia dos anos 30, a história começa quando a criada do título, Sookee (Kim Tae-Ri), uma jovem com cara de anjo, filha de uma das ladras mais famosas do pedaço, é chamada para participar de um plano com um vigarista coreano, que se autodenomina conde Fujiwara (Ha Jung-Woo) e se faz passar por um nobre japonês. Sookee é levada para a mansão onde vive a jovem milionária Hideko (Kim Min-hee), dominada por um tio (Cho Jin-woong) sádico, obcecado por literatura erótica, que mantém uma tenebrosa biblioteca sobre o tema. O tio espera pacientemente que a sobrinha esteja pronta para, na vida adulta, casar-se com ele.

A missão de Sookee é convencer Hideko a se apaixonar e fugir com Fujiwara, que pretende roubar sua fortuna e, depois do casamento consumado, internar a garota em um hospício. A criada, como recompensa, ficaria com todas as joias e roupas da ex-patroa, além de uma quantia em dinheiro. Aos poucos, as jovens, cada uma com suas carências, expõem sua sexualidade e, a certa altura, acabam em uma tórrida noite de amor e descobertas. No primeiro ato acompanha-se o desenrolar do plano sob um ponto de vista, que encerra de maneira surpreendente, de prender a respiração.

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O erotismo em “A Criada” vai às alturas; o filme é picante e sensual, mas sempre elegante

Hideko, que desde menina foi treinada pelo tio para ler histórias eróticas para um exclusivo grupo de senhores, não tem nada de inocente. No segundo ato, vemos a história por outro ponto de vista, com mais detalhes sobre as sessões na biblioteca, com perversidades e encenações que agradariam ao Marquês de Sade. O erotismo vai às alturas, é picante, é sensual, mas sempre elegante.

Há uma nova reviravolta e, assim, o terceiro ato está pronto para começar. As mentiras estão por um fio, as perversidades mudam de mãos e Park Chan-Wook finaliza seu quebra-cabeça, não sem antes carregar na dose de violência que seu cinema sempre explorou, mesmo que seja somente em um rápido momento, mas que já deixa claro do que ele seria capaz em seu gosto pelo requinte da crueldade.

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Cheio de reviravoltas, o filme tem perversidades e encenações que agradariam ao Marquês de Sade

Duas vezes consagrado em Cannes – Grande Prêmio do Júri por Oldboy (2003) e Prêmio do Júri por Sede de Sangue (2009), o sul-coreano de 53 anos, mais uma vez, mostra que toda história tem mais de um lado.

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Sobre Daniela Prandi

Daniela Prandi, paulista, jornalista, fanática por cinema, vai do pop ao cult mas não passa nem perto de filmes de terror. Louca por livros, gibis, arte, poesia e tudo o mais que mexa com as palavras em movimento, vive cada sessão de cinema como se fosse a última.

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