A festa está linda, ótimas companhias, diversão para todos lados, e bem na hora marcada para o gran finale um convidado escorrega, derruba tudo, arranca a toalha da mesa, logo o bolo está virado no chão… E todo mundo vai embora com vontade de comer bolo. Assim foi a festa do Oscar 2017. O que deveria ser o ápice da cerimônia de entrega dos melhores da temporada acabou em um grande vexame. Anunciaram “La La Land” como melhor filme, mas o vencedor era “Moonlight”. Logo o ato falho se tornou “meme”, com muitas referências ao recente concurso de Miss Universo, que teve o mesmo triste final.
Warren Beatty e Faye Dunaway, a dupla “Bonnie e Clyde”, no filme lançado há 50 anos, foi a escalada para o anúncio do último prêmio. Beatty puxou o papel do envelope e fez uma pausa além da esperada, como se estivesse surpreso. Sua colega então leu “La La Land” e, por alguns minutos, a turma do filme musical que concorria em 14 categorias festejou. Até que a organização chamou atenção para o erro: o envelope estava trocado, era o da categoria de melhor atriz, e estava escrito “Emma Stone – La La land”.
Alguém pegou o envelope correto e escancarou a palavra “Moonlight” para a câmera, que levou a imagem de Hollywood para as telas mundo afora. Naquela hora todo o constrangimento foi parar naquele palco que por muitas horas havia seguido rigidamente o script em uma cerimônia sem grandes surpresas.
Até então, “Moonlight” tinha levado a estatueta de roteiro adaptado e de ator coadjuvante, para Mahershala Ali. “La La Land” estava com seis prêmios: atriz, diretor, música original, trilha sonora, fotografia e design de produção. Aliás, Damien Chazelle, aos 32 anos, se tornou o mais jovem cineasta a ganhar na categoria diretor. E, como era esperado, Casey Affleck levou o Oscar de ator por “Manchester à Beira-mar”, filme que ganhou também como melhor roteiro original. Viola Davis merece o destaque, por “Um Limite entre Nós”, que rendeu o Oscar de atriz coadjuvante.
Na categoria filme estrangeiro, contrariando a esperada vitória para “Toni Erdmann”, da Alemanha, quem levou foi o iraniano Asghar Farhadi, de “O Apartamento”. O diretor, já premiado por “A Separação”, não compareceu à cerimônia, mas enviou uma declaração, solidarizando-se com os habitantes de sete países de maioria muçulmana, incluindo o Irã, vetados de entrar nos EUA por um decreto de Trump que a Suprema Corte considerou inconstitucional.
O apresentador deste ano foi o humorista Jimmy Kimmel, que teve a infelicidade de dizer para a grande atriz francesa Isabelle Huppert que ninguém havia visto “Elle”, nem ele. Não vi se alguém riu. Aliás, todo mundo esperava um Oscar mais político, mas as piadinhas para e sobre Trump geralmente ficaram em torno de seu hábito de tuitar. Imagino o que deve ter postado após o fiasco no final. Algumas celebridades usaram uma fita azul na roupa, que simboliza a União Americana pelas Liberdades Civis, opositora a Trump.
E, bem diferente do “Oscar branco” do ano passado, quando a ausência de indicados negros provocou barulho, nesta edição estavam no palco Mahershala Ali, Oscar de ator coadjuvante, negro e muçulmano, e Viola Davis, que, com seu Oscar, se torna a primeira negra a vencer o Oscar, o Emmy e o Tony, três dos principais prêmios da indústria do entretenimento, com o cinema, a TV e o teatro representados. Apesar do final conturbado, há a grande vitória de “Moonlight”, filme de elenco todo negro, que aborda temas difíceis, como homossexualismo, abuso infantil e drogas. Um Oscar com avanços, sem dúvida.
Na categoria documentário quem levou foi “O.J.: Made in America”, com 7 horas e 47 minutos de duração, que superou o recorde de “Guerra e Paz”, longa russo que ganhou o Oscar de filme estrangeiro em 1969, com 7 horas e 7 minutos de duração.
OSCAR 2017
Melhor Ator Coadjuvante: Mahershala Ali (Moonlight: Sob a Luz do Luar)
Melhor Maquiagem: Esquadrão Suicida
Melhor Figurino: Animais Fantásticos e Onde Habitam
Melhor Documentário: O.J.: Made in America
Melhor Edição de Som: A Chegada
Melhor Mixagem: Até o Último Homem
Melhor Atriz Coadjuvante: Viola Davis (Um Limite Entre Nós)
Melhor Filme Estrangeiro: O Apartamento (Irã)
Melhor Curta-Metragem de Animação: Piper
Melhor Animação: Zootopia – Essa Cidade é o Bicho
Melhor Design de Produção: La La Land – Cantando Estações
Melhores Efeitos Especiais: Mogli – O Menino Lobo
Melhor Montagem: Até o Último Homem
Melhor Curta-Metragem de Documentário: Os Capacetes Brancos
Melhor Curta-Metragem: Sing
Melhor Fotografia: La La Land – Cantando Estações
Melhor Trilha Sonora: La La Land – Cantando Estações
Melhor Canção Original: “City of Stars” (La La Land – Cantando Estações)
Melhor Roteiro Original: Manchester à Beira-mar
Melhor Roteiro Adaptado: Moonlight: Sob a Luz do Luar
Melhor Diretor :Damien Chazelle (La La Land – Cantando Estações)
Melhor Ator: Casey Affleck (Manchester à Beira-mar)
Melhor Atriz: Emma Stone (La La Land – Cantando Estações)
Melhor Filme: Moonlight: Sob a Luz do Luar
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