"Memórias Secretas” (Remember), o novo longa do diretor egípcio radicado no Canadá Atom Egoyan, é um suspense com final surpreendente e com elenco de primeira, como os veteranos Christopher Plummer (foto) e Martin Landau
"Memórias Secretas” (Remember), o novo longa do diretor egípcio radicado no Canadá Atom Egoyan, é um suspense com final surpreendente e com elenco de primeira, como os veteranos Christopher Plummer (foto) e Martin Landau

O desfecho mais que inesperado de Memórias Secretas

DaniPrandi_0188c_500Há tempos que um filme não gerava tantos comentários acalorados na saída da sessão para jornalistas. O desfecho de “Memórias Secretas” (Remember) é tão inesperado que foi preciso alguns minutos para digerir a revelação. O novo longa do diretor egípcio radicado no Canadá Atom Egoyan, do brilhante “O Doce Amanhã”, é um suspense daqueles que te faz remexer na cadeira. Muitas e muitas vezes.

O filme tem um elenco de primeira, encabeçado pelos veteranos Martin Landau, de 87 anos, e Christopher Plummer, de 86 anos. Os vovôs, ou quem sabe bisavôs, mostram todo o seu talento no papel de dois sobreviventes de Auschwitz que vivem em um asilo.

Na trama, Max (Landau) quer vingança. A vida toda planejou encontrar e matar o assassino de sua família no campo de concentração nazista. Encoraja seu amigo, Zev (Plummer), a ajudá-lo. O primeiro passo já foi dado: o alvo é um entre quatro alemães que adotaram o nome Rudy Kurlander ao fugir da guerra e emigrar para a América do Norte.

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Martin Landau, 87 anos, e Chistopher Plummer, 86,  vivem dois sobreviventes de Auschwitz

Mas Max está em uma cadeira de rodas, com a saúde bastante debilitada. Já Zev, apesar de sofrer de demência, está em melhores condições físicas. Recém-viúvo, Zev aceita a missão, que leva escrita em uma carta com todos os detalhes do que deve ser feito. Vale destacar que Plummer, o eterno Capitão Von Trapp de “A Noviça Rebelde”, que venceu o Oscar em 2010 com “Toda Forma de Amor”, tem uma atuação soberba, equilibrada entre a fragilidade da velhice e a força dramática que a trama impõe.

O filme ganha um clima de road movie ao embarcar na viagem de vingança. É incrível como Max pensou em todos os detalhes e controla os passos de seu vingador de dentro do seu quarto no asilo com toda atenção. E o espectador viaja junto, apreensivo.

Um a um, os Rudy Kurlander vão sendo encontrados. É claro que o suspense aumenta a cada cena e tudo piora um pouco mais a cada soneca de Zev, que, por causa da doença, sofre apagões de memória. A carta que leva no bolso do paletó é sua bússola. Em uma cena, uma garçonete derrama café no papel e embaça a escrita, e os nervos de quem acompanha a história já estão perto de ficar em frangalhos.

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Max (Landau) quer justiça e encoraja o amigo Zev (Plummer) a ajudá-lo em um plano de vingança

De trem e de ônibus, o improvável vingador atravessa cantos perdidos dos EUA e do Canadá. Consegue esconder a arma que comprou, uma Glock, na travessia da fronteira; dribla a burocracia, como o passaporte vencido, e sua falta de jeito com o mundo de hoje. Encontra boas pessoas, outras nem tanto, e até mesmo um neonazista cruza seu caminho em uma das sequências mais violentas.

Até que chega o desfecho, que é de uma ambiguidade moral que serve para testar as certezas e as incertezas de quem assiste. E mais não dá para contar para não estragar a surpresa.

Trailer:

Sobre Daniela Prandi

Daniela Prandi, paulista, jornalista, fanática por cinema, vai do pop ao cult mas não passa nem perto de filmes de terror. Louca por livros, gibis, arte, poesia e tudo o mais que mexa com as palavras em movimento, vive cada sessão de cinema como se fosse a última.

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