Daniela Prandi

O filme de Hany Abu-Assad disputa uma vaga no Oscar 2017 na categoria filme estrangeiro; na foto, o verdadeiro Mohammed Assaf

Parece conto de fadas, mas é real: a história do primeiro “arab idol” da Palestina

No meio de todo sofrimento, a população de Gaza, na Palestina, não desgruda os olhos da TV. O ano é 2013 e o resultado do “Arab Idol” logo será anunciado. O programa que escolhe o melhor cantor(a) da temporada tem o poder de mudar vidas. Nada será como antes para aquele que for escolhido o “ídolo”, destaca o apresentador (sabemos que não é bem assim, tanto que, na versão brasileira, quem se lembra dos vencedores?). Mas, no mundo árabe, a incrível história de Mohammed Assaf, retratada no filme “O Ídolo”, será lembrada por muitas décadas por todo o simbolismo que carrega. Com direção de Hany Abu-Assad, o mesmo de “Paradise Now” (2006) e “Omar” (2014), o filme, o escolhido da Palestina para disputar uma vaga no Oscar 2017 na categoria filme estrangeiro, emociona ao contar uma história real em tom …

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“Curumim” repassa a história de Marco Archer, executado em 2015 na Indonésia, aos 53 anos, por tráfico de drogas

Nem mártir, nem herói: a história de “Curumim”, o carioca executado na Indonésia

“Curumim”, documentário que repassa a trágica história de Marco Archer, brasileiro condenado à morte por tráfico de cocaína na Indonésia em 2004 e executado em 2015, aos 53 anos, por fuzilamento, conta com um grande trunfo: não toma partido. Com dois temas tão polêmicos de fundo – drogas e pena de morte – o documentário não suaviza o personagem e muito menos adota um discurso pronto. Curumim, como era conhecido, não é herói, nem muito menos mártir. Apresentado no Festival de Berlim no início do ano, o filme tem rodado festivais e acaba de chegar ao cinema. Foi o próprio Archer quem encomendou o trabalho para o documentarista Marcos Prado, o mesmo do belíssimo “Estamira” e do filme de ficção “Paraísos Artificiais”, também sobre o mundo das drogas. A montagem é primorosa, com cenas gravadas na prisão de segurança máxima …

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O filme “A Chegada” desafia a inteligência do espectador ao abordar questões que a humanidade não se cansa de fazer

Filme “A Chegada” recebe os ETs com inteligência – e entenda quem puder

A linguista Louise Banks (Amy Adams) está pronta para dar uma aula sobre a “romântica” língua portuguesa quando é interrompida pelos telefones de seus alunos, todos dando o alerta de que algo inesperado aconteceu. Em 12 pontos diferentes do mundo extraterrestres estacionaram uma espécie de casulo, mas permanecem em silêncio. A abertura de “A Chegada”, do diretor canadense Denis Villeneuve, filme que abriu o Festival de Cinema do Rio e já no circuito, é de uma tensão imensa. O tema escapa da esfera do cinema-catástrofe que marca o gênero para construir uma fábula sobre tempo x espaço, comunicação x incomunicabilidade, medo x coragem. Baseado em um conto do escritor Ted Chiang chamado “A História de sua Vida”, “A Chegada” desafia a inteligência do espectador ao abordar questões que a humanidade não se cansa de fazer e que há tempos ocupam …

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“Barakah com Barakah”é a primeira comédia romântica lançada nos cinemas da Arábia Saudita

“Barakah com Barakah”, a primeira comédia romântica da Arábia Saudita

A imensa placa na entrada da praia em Riad, capital da Arábia Saudita, avisa: proibido nadar, proibido correr, proibido passear com cachorro, proibido… E por aí vai. Em um universo de tantas proibições chama atenção a primeira comédia romântica lançada nos cinemas do país, “Barakah com Barakah”, filme que integrou a seleção do Festival do Rio. Logo de cara, o primeiro longa de ficção do documentarista Ahmoud Sabbagh, formado em Nova York, avisa: “A pixelização que você vê neste filme é totalmente normal. Não é censura. Repito, não é censura”. Ironia? Aqui e ali, algumas cenas aparecem desfocadas e o tema da opressão diária vivida pelos sauditas, principalmente as mulheres, é evidente na maioria das sequências. Mas “Barakah com Barakah” é uma comédia romântica e, como tal, faz rir e chega a emocionar. Sabbagh não segue exatamente o script “garota …

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O ator Nate Parker é o produtor e protagonista do filme, além de fazer a direção pela primeira vez

Como “O Nascimento de uma Nação” perdeu o convite para a festa do Oscar

Depois do “Oscar branco” de 2016, a expectativa em torno de filmes com temática e elenco negro que poderiam ser incluídos na festa de Hollywood do ano que vem só aumentava. Era preciso preencher, digamos assim, a “cota”, e muitos respiraram aliviados quando “O Nascimento de uma Nação”, no Festival de Sundance, saiu duplamente vencedor, com os prestigiados Grande Prêmio do Júri e Prêmio do Público, em janeiro. Mas a estreia na direção do ator negro Nate Parker, de 36 anos, que também é o produtor e protagonista do filme que reconta, do ponto de vista dos negros, uma violenta rebelião de escravos em 1831, sofreu um revés. Depois de tanta comemoração, hoje é pouco provável que o diretor receba um convite para a festa do Oscar. O filme foi celebrado pela crítica e sua presença nas principais categorias do …

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“BR 716” (como já chamam o filme “Barata Ribeiro 716” de Domingos de Oliveira) venceu o Festival de Gramado deste ano

Em “BR 716”, a vida era uma festa até que chegou a ditadura

A partir das memórias de quem bebeu além da conta, Domingos de Oliveira apresenta “Barata Ribeiro 716”, ou “BR 716”, como o filme passou a ser chamado após vencer o Festival de Gramado deste ano. O título refere-se ao endereço do cineasta entre os anos de 1961 a 1964, quando, após se separar de sua primeira mulher, passou um bom tempo entre festas, ressacas e paixões em um espaçoso apartamento em Copacabana. Apresentado hors-concours no Festival de Cinema do Rio, no mês passado, o filme tem estreia nacional no próximo dia 17. Domingos de Oliveira sempre usou a memória para contar suas histórias no cinema. Foi assim em “Era Uma vez” (2008), “Primeiro Dia de um Ano Qualquer” (2012) e “Infância” (2014), para ficar nos mais recentes. Agora, aos 80 anos, revira o baú para focar no período pré-ditadura ao …

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O diretor catalão Dani de la Orden faz um recorte poético e divertido de algumas “primeiras vezes”, em Barcelona, no dia da passagem do cometa Rose, em 2013

Mais de uma primeira vez em “Noite de Verão em Barcelona”

A vida é movida a “primeiras vezes”, assim mesmo, no plural, quando somos obrigados a experimentar tantas e tantas novas situações diferentes ao longo da nossa existência. Uma ou outra dessas primeiras experiências serão primordiais para definir quem somos e para onde vamos, se é que há resposta para tais questões. Tem o primeiro beijo, o primeiro amor, a primeira gravidez. “Noite de Verão em Barcelona”, estreia na ficção do diretor catalão Dani de la Orden, faz um recorte poético, e divertido, de algumas “primeiras vezes” em apenas um dia. Mas não é um dia qualquer. É 18 de agosto de 2013 e toda Barcelona está com os olhos voltados para o céu para ver a passagem do cometa Rose. O filme mostra a espera do cometa de alguns desses moradores da bela cidade catalã, explorada com todas as suas …

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"É Apenas o Fim do Mundo”, novo filme do franco-canadense Xavier Dolan, recebeu o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes 2016

“É Apenas o Fim do Mundo” olha de perto a infelicidade em família

“Todas as famílias felizes se parecem; as infelizes são infelizes cada uma a sua maneira”, começa “Anna Karenina”. Saio da sessão de “É Apenas o Fim do Mundo” (Juste le fin du monde), novo filme do cineasta do momento, o franco-canadense Xavier Dolan, com a brilhante frase de Tolstoi me acompanhando. O filme, que recebeu o Grande Prêmio do Júri do Festival de Cannes 2016, olha bem de perto um reencontro familiar. E sobra infelicidade. A câmera é muito aproximada, vê-se os poros nos rostos do atores, e são os olhares, as caras e bocas de Louis, interpretado por Gaspad Ulliel, que comandam as cenas. O protagonista é um escritor de sucesso que retorna para um almoço com a família, que não visita há 12 anos. “Não é o fim do mundo”, tenta se convencer. O filme é contado nas …

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"Pequeno Segredo” representará o Brasil no Oscar e estreia aqui no dia 10/11; antes de chegar aos cinemas, já provocou polêmica

“Pequeno Segredo”, filme que vai representar o Brasil no Oscar, é de chorar

Muitos acompanharam as aventuras da pequena Kat por mares nunca antes navegados durante muitos domingos no “Fantástico” no início dos anos 2000. A caçula da família Schurmann vivia com desenvoltura sua primeira infância em meio a cenários paradisíacos, desfrutando das belezas e das surpresas dos oceanos mundo afora. Algum tempo depois, já longe da TV, em 2006, veio a notícia: a garota havia morrido, aos 14 anos. O que teria acontecido? Heloísa, a matriarca da família Schurmann, que tanto nos ensinou sobre a doçura da vida no mar, levou seis anos para revelar que Kat, que havia sido adotada, tinha HIV. No best-seller “Pequeno segredo: A lição de vida de Kat para a família Schurmann”, a mãe registrou, com amor e dor, uma história que daria um filme. E deu. David, um dos filhos da família Schurmann, resolveu levar o …

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Na pele do poeta, Rhys Ifans dá um show de interpretação; poucos reconhecem o amigo amalucado de Hugh Grant no filme “Um Lugar Chamado Notting Hill”    Fotos: Divulgação

O dia em que Dylan Thomas bebeu até morrer (literalmente)

Houve um tempo em que poetas eram celebridades como hoje são as estrelas do rock. Atraíam multidões, especialmente mulheres, em apresentações para plateias ansiosas para absorver suas palavras e, enfim, vê-los e ouvi-los frente a frente. Uma dessas grandes estrelas foi o galês Dylan Thomas que, no início dos anos 1950, fez um tour pelos Estados Unidos para declamar seus poemas. O desfecho dessa história, de final trágico, é contada em “Dominion”, do diretor Steven Bernstein. O filme, um dos 266 títulos em exibição no atual 18º Festival de Cinema do Rio, foca no último dia da vida de Dylan Thomas, um dos grandes nomes da poesia de língua inglesa, que influenciou a geração beat e, posteriormente, “batizou” Bob Dylan (o músico Robert Zimmerman adotou o nome artístico de Dylan em homenagem ao poeta). Thomas, que estava há alguns meses …

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