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Muitos enxergaram no filme um testamento-manifesto de Wadja (Foto Divulgação)

“Afterimage”, a imagem que fica de Wajda é poderosa

“Afterimage” é o último filme do polonês Andrzej Wajda, que morreu aos 90 anos em 2016. Foi uma despedida em grande estilo, com um filme melancólico sobre o papel da arte diante de um regime autoritário como a União Soviética de Stálin. Muitos enxergaram no filme um testamento-manifesto. E, para além das imagens, o que fica é uma mensagem poderosa, que emociona. Wajda conta a história do artista e pintor Wladyslaw Strzeminski (1893-1952), interpretado com grande inspiração por Boguslaw Linda. Companheiro de Malevich e outros na criação da arte moderna e tido como o maior artista polonês do século passado, o pintor perdeu uma perna e um braço na Primeira Guerra Mundial. Não queria ser tratado de maneira diferente e seguia a vida pintando e sendo referência para seus alunos na Escola de Belas-Artes de Lodz. Em 1934, fundou o …

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O filme mostra com enorme colorido o processo criativo e a agonia do artista (Foto Divulgação)

Nem tudo são cores na viagem ao Taiti de Paul Gauguin

A sessão de “Gauguin – Viagem ao Taiti”, uma das atrações do recém-encerrado Festival Varilux, fez muitos artistas trocarem seus ateliês pelo escurinho do cinema. Antes da exibição em Campinas a fila para comprar o ingresso parecia a abertura de uma exposição. Após o filme as rodinhas se formaram, impressões foram trocadas e havia até um clima de confraternização no ar. A arte de Paul Gauguin (1848-1903) segue inspiradora, afinal, para além das polêmicas. O francês Vincent Cassel encarna muito bem o papel do artista que, nos últimos anos de sua vida, viveu na Polinésia e produziu seus trabalhos mais importantes, como a tela “De onde viemos? O que somos? Para onde vamos?”, o busto “Tête tahitienne” e a escultura em madeira “La maison de Jouir”, por exemplo. Dessa época, porém, vieram as acusações de pedofilia, de apropriação da arte …

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Até os dentes

“Só tinha uma pessoa que me fazia tremer mais do que a Dona Wanda, a diretora da escola Elmira. Era o Seu Lourenço, o dentista da escola. Nunca sabíamos quando tínhamos que fazer uma visita até sua maldita sala, mas lembro bem quando chegou o meu dia. ‘André Sarria, Seu Lourenço está te chamando’ disse a voz sem piedade. Meu chão sumiu e deixei de sentir as pernas, não sei como consegui chegar até a sua sala. Não entrei, fiquei na porta esperando como um pardal assustado. Ele, de costas, organizava algumas caixas de metal brilhante. Percebeu a minha presença e disse: ‘sente aqui’ apontando para uma grande cadeira de corvim marrom. Vi, em sua mesinha, algodões, pinças, agulhas, serrotes, foices, facas, facões, motosseras e junto aquele maldito cheiro, sim, era cheiro de éter, álcool e cravo. Esse cheiro impregnou …

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Um filme que emociona (Foto Divulgação)

“A Noiva do Deserto” emociona com viagem para reaprender a viver

De um fiapo de história onde mulher solitária perde a mala durante conturbada viagem de ônibus pela região desértica de San Juan, na Argentina, surge um filme que emociona. “A Noiva do Deserto”, das diretoras Cecilia Atán e Valeria Pivato, é sobre reaprender a viver. Simples e arrebatador, o filme que nasceu de uma coprodução entre Argentina e Chile comprova a força da atriz chilena Paulina Garcia, em corajosa atuação, envelhecida e sem qualquer glamour. A chilena, diva do belo “Gloria”, de Sebastián Lélio, que rendeu o prêmio de melhor atriz no Festival de Berlim de 2013, brilha sem qualquer truque no papel de Teresa, uma mulher contida, abnegada, obrigada a se mudar após gastar sua vida dedicando-se aos patrões e sua família. Claudio Rissi, no papel de Gringo, um falastrão que cruza o seu caminho, é uma ótima surpresa. …

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A Gualicha, de Cajobi (Foto Arquivo Pessoal)

Cavalos que olham os dentes

“Meu pai tinha uma égua muito especial, ela se chamava Gualicha, uma puro sangue pangaré. Mas Gualicha era muito inteligente e, dentre tantas habilidades que possuía, deitar e rolar como um cão era a que mais fascinava as pessoas. Durante suas infinitas apresentações pelas ruas de Cajobi, meu pai a apresentava com muito orgulho e desafiava qualquer pessoa a fazer a Gualicha deitar e rolar. Claro que ninguém conseguia, pois a égua só era capaz de fazer isso quando meu pai fazia uma expressão silenciosa com a cara. Ela sabia que aquela cara era o sinal para deitar e rolar e, de alguma maneira, os dois tinham uma ligação inconsciente que não necessitava de palavra, e Gualicha sabia ler muito bem esses sinais.” Dizem que a cavalo dado não se olha os dentes, mas creio que esse antigo ditado popular …

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