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Em "O Décimo Homem", Ariel (interpretado por Alan Sabbagh) é um economista 
que vive em Nova York e faz uma visita a Once, o bairro argentino. majoritariamente judeu, onde ele cresceu      Fotos: Divulgação

Mais uma aula do bom cinema argentino

Há tempos que cinema argentino é sinônimo de bom cinema. A cada filme que chega às telas, fica cada vez mais evidente a capacidade dos cineastas “hermanos” de enxergar boas histórias no trivial, sem necessidade de firulas, efeitos ou apelação barata. Um dos diretores que ajudou a formar esse selo de qualidade é Daniel Burman, dos belos e tocantes “O Abraço Partido” (2004) e “Dois Irmãos” (2010), entre outros. Conferi seu filme mais recente, que no Brasil leva o nome de “O Décimo Homem”. No original, o título é “El Rey de Once” (sim, é difícil entender o critério que se usa para mudar os títulos dos filmes…). Once é o nome do bairro, majoritariamente judeu, em Buenos Aires, onde o protagonista cresceu. Ariel, interpretado por Alan Sabbagh, que está ótimo no papel, é hoje um economista que vive em Nova York. Com viagem marcada para visitar o …

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"Memórias Secretas” (Remember), o novo longa do diretor egípcio radicado no Canadá Atom Egoyan, é um suspense com final surpreendente e com elenco de primeira, como os veteranos Christopher Plummer (foto) e Martin Landau

O desfecho mais que inesperado de Memórias Secretas

Há tempos que um filme não gerava tantos comentários acalorados na saída da sessão para jornalistas. O desfecho de “Memórias Secretas” (Remember) é tão inesperado que foi preciso alguns minutos para digerir a revelação. O novo longa do diretor egípcio radicado no Canadá Atom Egoyan, do brilhante “O Doce Amanhã”, é um suspense daqueles que te faz remexer na cadeira. Muitas e muitas vezes. O filme tem um elenco de primeira, encabeçado pelos veteranos Martin Landau, de 87 anos, e Christopher Plummer, de 86 anos. Os vovôs, ou quem sabe bisavôs, mostram todo o seu talento no papel de dois sobreviventes de Auschwitz que vivem em um asilo. Na trama, Max (Landau) quer vingança. A vida toda planejou encontrar e matar o assassino de sua família no campo de concentração nazista. Encoraja seu amigo, Zev (Plummer), a ajudá-lo. O primeiro …

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Conhecidos lá fora como mercado das pulgas, second hand shops e garage sale, os brechós são populares nos Estados Unidos e na Europa     Fotos: Divulgação

Sobre brechós, mitos e novos hábitos

Era uma edição especial de brechó. Muita gente, muitas peças, umas vestindo, outras pedindo; e pega, entrega, dobra, quando uma cliente fez a pergunta: O que é um brechó? Brechó é uma loja que vende artigos usados (de segunda mão), principalmente roupas, calçados, acessórios, louças e objetos de arte. Conhecidos lá fora como mercado das pulgas, second hand shops e garage sale, são populares nos Estados Unidos e na Europa onde peças exclusivas e peças vintage se misturam em meio a tudo, menos pulgas. A origem da palavra Somente o Brasil usa o termo brechó, pois no século XIX, no Rio de Janeiro, um comerciante chamado Belchior abriu sua primeira loja de produtos de segunda mão e, conforme foi ficando conhecido, com o boca-a-boca bem ao estilo telefone sem fio, Belchior virou brechó. Quando se fala em brechó, algumas ideias …

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Giancarlo Rosi flagrou a vida como ela é no documentário "Fogo no mar" ao retratar o drama dos refugiados que aportam na pequena ilha siciliana de Lampedusa       Fotos: Divulgação

Um documentário que parece, mas não é

“Fogo no Mar” (Fuoco Mare), que venceu o Festival de Berlim deste ano, é um documentário, mas não parece. Dá a impressão de ficção ao retratar o drama dos refugiados que aportam na pequena ilha siciliana de Lampedusa e alteram a bucólica rotina dos cerca de 6 mil moradores do local. O cineasta italiano Gianfranco Rosi reinventa o gênero. Entre idas e vindas, Rosi viveu quase um ano em Lampedusa. Pelo olhar dos habitantes e pelo olhar dos que fogem da guerra construiu um retrato muito atual dos nossos tempos. Sem roteiro, em uma postura quase invisível, flagrou a vida como ela é. A verdade que o formato documentário exige ganhou poesia, compaixão, solidariedade e um toque de crueldade em um filme repleto de inocência, dedicação, amor… e tristeza. Com a câmera na mão, nas poucas cenas em que realmente …

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“Maraviglioso Boccaccio”, filme livremente baseado em Decamerão pelos irmãos italianos Paolo e Vittorio Taviani,  foi exibido no Festival do Rio do ano passado e chega agora ao circuito      Fotos: Divulgação

Maravilhoso (mesmo!) Boccaccio

Cores estonteantes enchem a telona em “Maraviglioso Boccaccio”, filme dos irmãos italianos Paolo e Vittorio Taviani que tive o prazer de conferir em sessão para jornalistas. Digo prazer porque o “maravilhoso” do título não é exagero. O filme, que foi exibido no Festival do Rio do ano passado e chega agora ao circuito, é livremente baseado em Decamerão e se equilibra entre a vida e a morte enquanto escancara as belezas da Toscana e, por que não?, da própria Itália e de seu povo. Vale lembrar que Decamerão é uma coleção que reúne cem narrativas escritas por Giovanni Boccaccio entre 1348 e 1353. Os textos são considerados um marco da literatura por seu realismo, numa época em que a religiosidade ditava o encadeamento das palavras. Os irmãos Taviani escolheram cinco histórias para o filme, ambientado na Florença do século 14, quando a peste negra dizimava a população. Com um …

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